31.12.10

olá,

meu último post de 2010, que acabou por ser o mais infrutífero de todos!


bom ano

28.12.10

with love

skateboarder e actor nos tempos livres

estava eu a passear pela internet, quando descobri isto: um skateboarder nascido em 70 bastante influente na sua época, e blá blá blá, fez anúncios e é admirado um pouco por todo o mundo.
e quem é ele?
txaran!
nada mais nada menos que jason lee, o actor principal de My Name Is Earl e Memphis Beat.
afinal o saloiozinho de bigode também tem a sua faceta fixe. hehe.

24.12.10

reflexões de miúdas que só queriam ir para casa

o homem do lixo leva, literalmente, uma vida de merda.

- já viram o que é que é o vosso marido trabalhar no lixo e chegar a casa às três da manhã para se encafuar na cama e roçar-se a vocês?
- uuuuuuuuuuuuugggggghhhhhhhh que nojo! 
- nojo? estás com luvas, chegas a casa e tomas banho.
- eu nunca seria capaz de fazer esse trabalho, estes homens para mim são heróis.
- eu era! há empregos muito piores
- meu deus, o cheiro deve entranhar-se tanto que nem um banho é suficiente. eu também não era capaz.
- bem, uma pessoa tem de sobreviver, se tivesse de o fazer, fazia!

- e por que raio é que o homem do lixo deixa cair lixo na rua e não apanha?
- ele vai apanhar.
- aposto que não vai.

- como é que é possível? isto é tão enervante! se nem o homem do lixo faz o seu trabalho, quem o fará?
- ele só quer receber no fim do mês... é véspera de natal, achas que ele está preocupado com os bocados de lixo que caem no chão?
- 'tá bem, mas apetece-me ir lá dizer-lhe!
- se vocês repararem ele tem um ar querido, coitado.
- imagina que o teu pai era um homem do lixo, ias deixar de gostar dele se descobrisses que não cumpria o seu trabalho como devia?

15.12.10

e vai um brinde!

ao amor, às ilusões, à alegria de cantar bem alto, ao encanto da respiração no meu ouvido, aos dois, três, quatro, cinco e seis meses, e mais aos outros todos que passaremos juntos, e aos amigos, às amigas, aos amigos das amigas, às lágrimas e à tristeza (que também merecem brinde), aos banhos de imersão, aos banhos de mangueira no quintal, à correria e às avaliações escolares, aos que se foram e aos que estão para vir, ao desespero, aos concertos e às festas, ao nascer do sol, à melancia no verão, à carta de condução, às mãos dadas, aos shots de caramelo
e,

sobretudo,

aos que aqui estão 

2010 nunca teria sido o que foi sem nada disso.
venha 2011 que nós mostramos-lhe como é que é.

13.12.10

2010

este ano ainda não comi chips ahoy!
e ainda não fiz uma directa.

acho que ainda vou a tempo...

7.12.10

socorro!

débora está feliz. de facto, débora sente que tem agora, finalmente, uma razão para viver!
comprou um novo espelho. ela é tão vaidosa que não consegue passar sem um.

deitou o antigo fora. mas, antes, partiu-o aos bocados, bem pisadinho. que merda de espelho. porquê? já era antigo. deixai-o apodrecer na lixeira. ele não servia para grande coisa, era meio baço. com ele, débora via-se pouco atraente.

agora sente-se linda e feliz! vê-se espectacular, até se pergunta porque raio é que alguma vez teria querido um espelho como aquele, antigo, nojento, que agora foi para o lixo.

experiências macabras de pessoas.

and that's all for today



meet me again when i'm 19

6.12.10

na quinta-feira um rapaz da minha idade suicidou-se.
soube hoje. conhecia-o.

todos os dias
mas, naquele dia em específico, um jovem como eu acabou com a sua vida.

todos os dias
mas, neste momento, está alguém a morrer.

isto arrepia-me.

may his soul rest in peace.

4.12.10

paz e amor

que bom, que bom, que bom!
neste fim-de-semana recuso-me a fazer trabalhos pesados. posso, finalmente, relaxar e sentir o espírito natalício no ar. hoje quero fazer a árvore de natal e enfeitar a casa. gosto principalmente do cheiro das caixas dos enfeites, é característico e só o sinto por esta altura do ano, então há ali qualquer coisa que eu não sei explicar muito bem.
está um frio gélido lá fora, mas dentro de casa está acolhedor. gosto do outono; sim, eu sei que não parece, mas estamos no outono.
tenho à minha volta duas pulgas que não sabem parar quietas. foi assim que me acordaram. a saltarem por toda a minha cama.




não são as coisas mais fofinhas da vida? "if you think about ma baby, it don't matter if you're black or white."
por falar nisso,
vou jogar black and white e enfardar oreos.

1.12.10

28.11.10

resultado da sondagem



cá está o vídeo que me propus a fazer. sei que é ingenuidade da minha parte, mas não imaginei que a opção "monólogo sobre amores passados" obtivesse mais votos. de certa forma lamento, porque acho que teria sido muito mais divertido fazer outros tópicos, como o "top 5" ou o dos amigos. enfim, ficarão para outra altura, certamente. espero que compreendam que não foi fácil estar para ali a dissertar sobre este tema, porque não queria comprometer a minha privacidade e, acima de tudo, a privacidade de outras pessoas. acho que podia ter sido pior.

obrigada a todos os que participaram e bom resto de domingo!

24.11.10

publicidade

não me pagaram para isto, mas cá vai:

o seu melhor amigo neste natal.
ao aceder a este site, poderá desfrutar de satisfatórias poupanças na sua carteira que, dada a crise, não estará muito famosa. LIVROS PARA TODOS!

23.11.10

lisboa, um dia qualquer de 2010

lá vai a senhora, coitada, sobe as escadas a custo. leva dois sacos em cada mão, os braços pendem-lhe do corpo, fracos. as pernas custam-lhe, a idade pesa-lhe, terá setenta anos?
porque não?, pergunto-me eu. porque tenho vergonha. apetecia-me ajudá-la. ainda se assusta e dá-me com o saco na cabeça.
mas porque não levar-lhe os sacos?, não te metas com os assuntos das outras pessoas, tens os teus problemas com que te preocupar.
apetece-me ir lá e levar-lhe os sacos, assim, sem mais nem menos. é da forma que não passo o resto do dia a perguntar-me como seria se tivesse agido.
ando a passo de atleta das olimpíadas. quando, finalmente, me decido a dedicar-me aos outros, já a senhora vai lá atrás, prestes a entrar no prédio, já eu estou a chegar a casa raivosa pela minha imbecilidade. é que agora sinto que fiz mal. já não é apenas a ausência de acção, porque houve ali acção, sim senhor! virei as costas e continuei de cabeça enfiada na minha vida. caraças.
o que faria jesus no meu lugar? bolas, ele no meu lugar faria muito mais. e é por isso que não sou, nem serei o messias. pelo menos já não me restam dúvidas. esta juventude... há-de chegar à velhice para sentir na pele.

9.11.10

música

meu deus.
onde é que estive este tempo todo?

acho que acordei. acho que já sei quem sou.
nasci para ti, música. já chega de andar a dormir.

27.10.10

caros leitores,

como prometido, já coloquei aí do vosso lado direito uma enquete que reúne as opções mais interessantes que me propuseram no post do dia 8 de outubro. o meu destino está nas vossas mãos (por assim dizer) e cabe-vos agora a escolha do tema do vídeo. espero ter muitas votações no final, para não me sentir em dúvida quanto à escolha da opção vencedora.
tenho de admitir que isto está a ser divertido, talvez o faça mais vezes. peço desculpa pela demora deste post.

até à vista!

26.10.10

tem horas que me diga?


comer um destes agora mesmo far-me-ia a mulher mais feliz do mundo.

nestes últimos dias, quando saio de casa para ir para as aulas é de noite. quão deprimente será isso? nem sequer tenho a oportunidade de ver o sol nascer porque estou no metro, debaixo do chão. parecemos umas toupeiras.
tenho de referir, no entanto, que há algo de interessante nesta rotina matinal. no ano passado demorava cerca de dez minutos a chegar à escola, e ia o mais rápido possível. como agora demoro uns bons quarenta minutos desde que saio de casa até chegar à faculdade, decido-me a sair mais cedo e tento apreciar tranquilamente a viagem e, por isso, dou-me ao luxo de ir a dormir em pé. quase que me vejo de fora da janela da carruagem, como se de um filme se tratasse. um filme sobre a minha vida. que engraçado seria.

felizmente, hoje está sol e o calorzinho parece manter-se para o resto da semana.
a publicação do meu vídeo está para breve.

cumprimentos.

21.10.10

M.

ficarei eternamente à espera que me queiras outra vez.
eternamente esperarei que voltes dessa tua vida ou morte.

as saudades consomem-me.
lamento.

8.10.10

EU VOLT(AR)EI!

tenho saudades do meu blog e suponho que os meus caros leitores já o tenham colocado na lista negra. não é preciso fazerem-no, porque estou a pensar em voltar em força. agora que faz frio e chove sou obrigada a passar mais tempo em casa e, assim sendo, passo mais tempo a olhar para a parede branca do meu quarto. isto significa que pus os neurónios a funcionar à espera de uma epifania monumental. não resultou assim tão bem.
para além disso, os meus leitores também terão regressado às suas monótonas vidas e, em vez de irem à praia como fariam no verão, condenar-se-ão a andar a dar belas passeatas pela internet. pelo menos, é algo que me apraz nesta altura do ano.
decidi, então, pedir a vossa indispensável ajuda. peçam-me o que vos apetecer (dentro dos limites, por favor) e, de entre as sugestões mais interessantes, tirarei algumas ideias. depois disso, ainda estou a considerar se:
1 - faço uma sondagem para aferir a mais desejada
2 - tento fazer uma mistura interessante
3 - escolho uma por minha própria vontade

quanto mais específicos forem nos comentários, melhor. se, por alguma razão, daqui a dois anos este post permanecer sem comentários, considerem anulado o meu regresso bombástico.

24.9.10

vamo lá a ajustar contas

não posso deixar de dar razão ao meu virtual (e agora, real também) amigo tgm. tantas vezes lhe acabei com a paciência por não ser um escritor de blogues dedicado, e agora vejo-me eu nessa posição. afinal, era verdade o que este experiente ser me incutia. a faculdade, de facto, tira tempo. e eu, ainda por cima, só tive duas semanas de aulas!
sim, continuo a ter tempo para estar em casa ligeiramente reconfortada pelo meu sofá e por uma generosa tigela de cereais. no entanto, a faculdade é uma coisa tão KA BOOOM e diferente, que a minha cabeça passa o dia todo ocupada: com as festas e praxes (que, espero, já tenham amenizado), com os trabalhos, com o facto de demorar quase uma hora a chegar às aulas, com as pessoas novas que conheço e com os apontamentos a pedirem-me para passá-los a limpo.
depois, continuo a ter vida pessoal! tenho pessoas de quem gosto muito a quem devo a minha consideração e companhia semanalmente, tenho um cachorrito bebé que caga - perdoem-me a expressão - por todo o lado, tenho livros extra-curriculares que pretendo ler, os meus cachecóis para tricotar, tenho uma família que me dá abrigo e sempre montes de papeladas para tratar, e aquelas coisas bonitas e doces que eu guardo para aqui escrever afogam-se algures no meu crânio. ou nem sequer chegam a existir.

e ainda só tive duas semanas de aulas. já. oh meu deus.

6.9.10

o meu guri

é menino!

"Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí, ai o meu guri, olha aí."
Chico Buarque

28.8.10

a aldeia perfumada

nair é portuguesa e tem esse nome esquisito, nair. dizem que é árabe e que significa "estrela brilhante do navio". seja como for, nair não gosta de barcos, enjoam-na, mas adora viajar e, mesmo que não gostasse, teria de o fazer porque é a grande paixão da sua mãe, que nunca seria capaz de conhecer mundos sem ela.
nair tem esse nome por causa da avó paterna, chamava-se assim também mas era brasileira. essa nair era, de facto, uma estrela. quiseram os astros que fosse para o céu quando a sua neta ainda era pequena, e a nair pequena via o céu estrelado sem perceber qual delas seria a sua avó. por sorte ou por azar, não ficou com o nome gracinda, que era o da sua avó materna. era muito comprido, ou fora de moda, o que é facto é que nem a mãe nem o pai se lembraram de a baptizar assim. na verdade, o nome nair também não está na moda, mas soa bem, gostamos de coisas raras, e nair é indubitavelmente rara. quando anda parece que dança, os seus passos parecem movidos por uma brisa suave e fazem as pessoas mais atentas acreditarem que as suas pernas são leves como penas.
nair fotografa com os olhos o que tem à sua volta e absorve com o nariz todos os odores que há. deve descender de lobos, pensa que tem faro em vez de olfacto, e delicia-se se tiver de passar uma tarde sentada na varanda a inspirar até se cansar, para conhecer todas as histórias do seu bairro, da sua cidade e do seu mundo. o planeta é este, terra, mas o mundo é outro. nair realmente convenceu-se de que estava noutro mundo qualquer naquele dia em que passeou de jipe por várias terreolas que lhe faziam lembrar maruim. eram todas iguais umas às outras, e todas iguais a maruim. máru im, é assim que se lê. eram todas iguais umas às outras e nair ia de cabeça de fora, que nem um cão mal amestrado, saboreando pelas narinas todos os cantos dos lugares novos onde entrava, até que chegou a uma aldeia igual às outras com uma característica diferente. esta não cheirava a folhas, suor, fruta e cocó de cavalo. cheirava a perfume, era um cheiro forte. primeiro pensou que devia ser de um senhor que por ali passava, mas logo percebeu que toda a aldeia estava empestada com o doce aroma. era tão bom senti-lo, que nair sorria. e, vendo com atenção, todas as pessoas dessa aldeia sorriam.
esta aldeia é tão feliz, pensou, todas as pessoas sorriem e este cheiro não é de flores nem de sprays aromatizantes, nem do cabelo comprido de uma mulher. este cheiro é do próprio ar, que foi abençoado para que todos se sintam em casa mesmo quando saem à rua.
e, agora, como descrever esse cheiro? era bom, doce, tinha um toque ácido e nada mais. tomara nair guardá-lo numa caixa, mas não era sequer fisicamente possível. nunca pôde partilhá-lo com ninguém, como se partilham souvenirs ou fotografias. a aldeia perfumada ficou para sempre naquele recôndito do mapa, e nas narinas de nair.

19.8.10

adeus

e, por lhe ter sido feito este derradeiro pedido, pegou numa mera caneta e escreveu-lhe num caderno preto o que o seu cérebro lhe permitia e o que o seu coração lhe impedia, houve uma combinação explosiva de palavras e sensações que percorreu todo o seu corpo e que terminou num breve deslize da caneta no papel.

amo-te, basta.

16.8.10

call all angels

passeando por ruas lisboetas, encontram-se destas relíquias.
passeando pelas ruas da vida, encontram-se anjos.
passeando pelo meu coração, sinto-os todos lá.

15.8.10

é menino ou menina?

esta casa está grávida.
em setembro vamos buscar um bebé (cão, entenda-se) e mal posso esperar para vê-lo chegar a casa e perceber que já tem uma caminha e bonequinhos para brincar.
agora que noto bem, temos feito tudo o que um casal prestes a ter um filho faz. comprámos um livro que tem todas as dicas de que possamos precisar, preparámos o espaço dele, indagamo-nos se será macho ou fêmea e fazemos planos.
provavelmente traremos para casa aquele(a) que chamar por nós, preferimos que a decisão da escolha caiba ao pequenote.

quando o/a tivermos na nossa companhia, colocarei a primeira fotografia neste blog. estou muuuuito feliz!

boas férias.

10.8.10

mea culpa

amanhã piro-me para o algarve e sabe deus quando é que poderei cá vir marcar presença.
assim sendo, deixo-vos com uma bela história citadina, daquelas que estão sempre a acontecer mas que são raras de presenciar, ao estilo do paris je t'aime.

pois bem; ia eu muito contente pela rua, caminhando para minha casa, difamando as condições climatéricas que se têm feito sentir quando, ao começar a subir uma escadaria daquelas bem lisboetas, me deparo com um belo gatito num degrau.
vejo gatos todos os dias, e dão-me pena. terão sido abandonados? fugiram de casa? este seria decerto o filho de um desses fugidos/abandonados, porque já conhecia bem os truques da rua e ainda era jovenzinho. assumo isto porque ele, estando de costas para mim, mirava um grupo de pombas estúpidas que bicavam as folhas das árvores caídas no chão, uns sete degraus acima. não sei como é que se chama esta posição felina com a qual estamos todos familiarizados depois de vermos o rei leão, mas era essa que ele fazia. fitava-as, atento. achei amoroso. como estou habituada a lidar com cães, pensei que ele se preparava para se atirar e brincar à apanhada.
eu sorria descontraída, parada no início da escadaria (até porque é preciso ter coragem para subir aquilo sob um sol tão ardente) e, eis senão quando, o gato atira-se às pombas, e o meu ingénuo sorriso passa, lentamente, para um esgar de nojo. o gato, de facto, apanhou uma pomba. e as outras ficaram ali de roda, a olhar com aquela expressão ridícula das pombas.
o gato ficou ainda um bom bocado a imobilizar a pomba, a coitada lá ia batendo as asas. fiquei com pena. uma senhora juntou-se a mim, observando espantada.
"estas coisas não se vêem todos os dias" comentei eu, ao que ela respondeu "ai, que horror!"
uma outra senhora saía de um prédio e, mal viu o espectáculo, gritou "coitadiiiinhhhaaaaa!!" e correu para salvar a pomba, o que me pareceu idiota. pobre gato, tinha de sobreviver.
outras duas raparigas que tinham saído de outro prédio, olhando também horrorizadas, tranquilizaram-na "é tarde demais..."
o gato afastou-se com a sua merendita, lentamente.
"não sei" disse eu "parece-me que a pomba ainda bate as asas" e nisto, uma brasileira que parecia ali entendida no assunto respondeu-me "não... o danado já arrancou a cabeça dela"
mais enojada fiquei. lá ia o caçador, com a pomba decapitada, para debaixo de um carro.
fui horrorizada para casa, e fiquei a pensar nisto. irritam-me aquelas velhas que atiram miolo de pão com sei-lá-o-quê às pombas, apetece-me chegar lá e dizer-lhes "sabe que isso é crime?". as pombas são animais, e merecem tanto respeito quanto os outros, mas são também uma praga de lixo e doenças que empestam as ruas e os monumentos e que, a certa altura, aparecem atropeladas e bem esmigalhadas no meio da rua. isto não deveria ser uma coisa normal. isto parece um mundo do avesso. não deveria ser aceitável eu estar a caminhar tranquilamente e levar com um cagalhoto em cima, que me arruína o dia.
também não deveria ser aceitável haver tantos gatos na rua, e cães também, prestes a serem levados para o canil para serem abatidos.
isto é culpa nossa. é tudo culpa nossa. às vezes sinto que estamos a involuir.

1.8.10

without you

sem retorno

eu própria perdi a noção do tempo. se um desastre nunca vem só, melhor é que venham todos de uma vez para provarmos ao mundo que ainda nos aguentamos aqui, firmes e hirtos.
nunca deixar de agradecer, porém, pelas coisas boas da vida que, apesar de às vezes parecerem tão microscópicas, enchem-nos a alma que é uma alegria. o que é preciso é saber estar-se equilibrado, 50% de coisas boas como de más. é assim que a vida, na verdade, é.
hoje disse uma frase qualquer que me soou a ouro, e agora não me lembro. maldita memória.
farei, no entanto, uma breve anotação aqui para que não me esqueça: quando os ventos me levarem, seja daqui a dez ou cem anos, terei de ter em conta os meus dezoito anos que me permitiram conhecer a felicidade.

ainda bem que avisei que não sou directa. gosto de ver as coisas assim. obrigada.

20.7.10

lua,

o que será que pensaste nos teus últimos momentos, quando a mãe pegou em ti, aconchegou-te nos braços e chamou por ti? sentiste amor? ficaste descansada por deixares este mundo com o cheiro da mamã em ti? deixaste o teu corpo com a voz dela no teu coração? foi a última coisa que ouviste, o teu nome, dito com algum desespero e muito carinho. espero que tenhas pensado em mim também. foi cedo, mas agradeço por te ter tido na minha vida, amei-te como a uma pessoa, como família. e as lágrimas dizem o resto que ficou por dizer...
serás sempre a minha bebezinha.



16.7.10

bff

- tens noção que ficou toda a gente a olhar para nós no autocarro, não tens?
- sim, não me importo. quando estou contigo dá-me vontade de fazer estas macacadas, parece que as pessoas à nossa volta desaparecem, como se nunca nos pudessem recriminar.

6.7.10

manequins

nós achámo-los loucos, todos nus e usados, todos putas reles, a afogarem-se no próprio sexo.
a nós, acharam-nos mais loucas ainda por fotografarmos inúteis pedaços de corpos a fingir caídos numa loja falida.

la vie en rose

neste momento, parece-me demasiado estranho o facto do tempo passar. por mim, seria para sempre madrugada do dia 6 de julho em que faz um calor dos diabos até com o ar-condicionado ligado e eu cheiro a lavanda.
deambulo pelo quarto que nem um morto-vivo. sinto-me num preâmbulo de vida, não tenho sono nem fome, mas mesmo assim petisco umas bolachas e dormito um bocadinho.
este calor é tão intenso que nos chega ao coração. está tudo muito mais acomodado e leve, deve ser do sol e dos seus super-poderes, deve ser do calor que obriga as mocitas a andarem com menos roupa possível e dá-lhes boa cor.
tenho investido nos filmes e livros românticos; não costumam ser bem o meu género, mas decidi tentar envolver-me neste ambiente de "até os nerds encontram algures a sua musa" ou "um casal que se ame loucamente estará para sempre amaldiçoado". na verdade, não me têm ajudado os filmes nem os livros, não me tenho sentido inspirada. acabei de ver o notting hill porque me sentia idiota a viver num mundo em que toda a gente já viu o notting hill. agora sinto-me ainda mais idiota porque detestei, talvez me fosse melhor ficar na simples incógnita, foram duas horas do meu tempo mal gastas.
ou talvez simplesmente não tenha muito jeito para isto - ver gente que nem existe e perceber como é que todo o conceito de amor se desenvolveu  nas suas vidas. eu, cá para mim, ficava-me para sempre nesta bela madrugada de verão, para poder passear por aí à vontade sem nenhuma preocupação, e para deixar o quente do ar entrar-me nos pulmões.

20.6.10

wizard of oz


eu: são tão bonitos os sapatos da dorothy, não são?
b: xim.
eu: quem me dera ter uns... dás-me?
b: eu não tenho... e xão calos!


(conversando com o meu amor de três anos.)

the world keeps turning

eu sei que o fim de uma coisa é sempre o princípio de outra.
 finalistas de secundário. em breve, caloiras de faculdade.
esta eu sei que é para a vida.
merci.

19.6.10

saramago

hoje faleceu José Saramago. bem, teoricamente foi ontem.

não tenho propriamente jeito para estas coisas. acho que estes momentos servem para "celebrar a vida". mas, se o fizermos, lamentamos também a morte.

a morte é uma coisa estranha.

enfim, queria apenas manifestar os meus pêsames, felizmente deixou cá uma bela bibliografia que eu recentemente comecei a conhecer. ensaio sobre a cegueira é, sem dúvida, um dos meus livros preferidos. e por belos serões passados a lê-lo, agradeço ao senhor Saramago.

may his soul rest in peace

16.6.10

i ♥ blogs

eu gosto de ler blogs.

talvez leve demasiado a peito este momento que vou tendo de vez em quando mas, às vezes, há blogs que me deixam feliz. gosto de saber que há, algures por este país, pessoas que pensam e sentem como eu, pessoas que gostam de escrever e de ler o que eu gosto, pessoas que são diferentes de mim e não passam de uma mera imagem virtual na minha cabeça.
mas elas existem, não estou a ficar louca. elas existem e adoro inventar-lhes corpos e caras, vidas e amizades.
gostava de poder encontrá-las a todas, um dia; uma espécie de reunião de donos de blogs.
talvez venha a acontecer, se até no youtube fazem isso.

caros donos de blogs,
continuem a escrever.
continuem a trocar impressões.
continuem a dar alguma cor à internet.

cumprimentos de quem?

15.6.10

amanhã exame de português

amanhã há exame de português.
amanhã há exame de PORTUGUÊS.
amanhã há exame de português.


amanhã há exame de português.
amanhã há exame de PORTUGUÊS!
 
relaxar, relaxar, relaxar, trabalhar, trabalhar, trabalhar.
 
 
 
 
 
 
apetecia-me tanto um festival.

13.6.10

- não é culpa tua. se, para ti, o mundo sempe girou como devia, não precisaste de deixar crescer calos nos dedos para não voltares a sentir as chamas que te queimam a pele.
- o meu problema não é o orgulho, nada disso... é que eu sou um coração mole...
- isso não me devia enervar sequer, mas não és um coração mole. és só estúpida. mas espero que isso passe.
- és muito dura comigo, nem sequer te reconheço.
- tu só sofres se quiseres sofrer, só queimas os dedos porque, no fundo, te diverte.
- mas eu não me importo de sofrer assim... eu aguento.
- então não me chores ao ouvido que isso é demais para mim. tenho o que me baste na minha vida para me deprimir.
- temos todos.
- mas eu não pedi a ninguém estas lágrimas que me caem no colo. se tu choras, é porque queres chorar. e, para mim, isso é idiotice. só.
- não é idiotice. arrisco-me a sofrer porque ainda sinto.
- então és fraca.
- prefiro ser fraca do que andar sozinha como tu, que nunca hás-de gostar de ninguém, e nunca ninguém há-de gostar de ti porque nunca ninguém há-de te conhecer como eu te conheço.
- eu sei. por isso é que acho que o mundo já deu voltas suficientes, por isso é que já passa da minha hora de dormir.

12.6.10

hoje

"Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram.
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato."

Álvaro de Campos

11.6.10

alive!

confirmam-se as minhas suspeitas de que o optimus alive tem um dos melhores cartazes deste ano.
estou desejando que venha o dia!




"i, ohhh, i'm still alive!"
night time, sympathize, i've been working on white lies, so i'll tell the truth.

2.6.10

tiagos

a time out tem as frases ouvidas no metro, e algumas têm piada.
piada teve também uma conversa entre três miúdas que ouvi hoje à saída do metro. não é que eu seja intrometida, mas elas falavam tão alto e exactamente atrás de mim, que era impossível não ouvir. ri-me sozinha, elas nem sequer repararam. quantas vezes não terei eu feito o mesmo, nem sei se não deixei umas quantas mentes escandalizadas com a quantidade de conversas estranhas que já tive no metro.
foi basicamente assim:

"(...)
- mas o tiago... é tiago! - dizia uma, enervada.
- pois, é isso! - respondeu a segunda.
- o que é que tem? - perguntou a terceira.
- os tiagos são assim. - disse a primeira. - nunca tiveste um tiago?
- não - respondeu tristemente a terceira.
- sorte a tua! - disse a segunda.
- pois - disse a primeira - quem já teve sabe como é que é, né miga?
- é verdade - respondeu a segunda, convicta.
(...)"

pobres tiagos que existem no mundo. enfim, são tiagos, e serão para sempre amaldiçoados por estas três meninas. vou começar a prestar atenção, pode ser que a teoria delas faça sentido. posso ter sido muito ingénua e não ter reparado na verdadeira faceta dos tiagos.

unam-se, tiagos. mostrem ao mundo que elas não sabem do que falam!

27.5.10

pessoinha

a minha mãe costumava dizer que eu era a "pessoinha" dela. é uma palavra estranha de se escrever, mas não de se dizer. uma pessoinha é uma pessoa em tamanho pequeno. o meu irmão também era pessoinha dela. agora estamos grandes demais para ela nos chamar isso mas acho que, lá no fundo, nunca deixaremos de o ser.
eu também tenho uma pessoa, uma pessoinha.
obrigada senhor jesus por ma teres dado.

vou pôr a minha pessoinha numa gaiola e dar-lhe miminhos e biscoitos.

25.5.10

el amor en los tiempos de colera

"Chegou a reconhecê-la no meio da confusão, através das lágrimas da dor única de morrer sem ela, olhou-a pela última vez para todo o sempre, com os olhos mais luminosos, mais tristes e mais agradecidos que ela jamais lhe vira em meio século de vida em comum, conseguindo dizer-lhe com o último suspiro:
- Só Deus sabe quanto te amei."


Gabriel García Márquez 

20.5.10

carta para o ar

foi o que te escrevi hoje, pode ser que um dia a leias. mas agora é proibido e o meu caderno está muito longe do teu corpo.

18.5.10

music


shall we dance, he asked, to what she answered we must, until my feet and my whole body turn to dust or, at least, until the end of this very night.

13.5.10

hetero, bi, homo. sexual

tu, fernanda, gostas de mulheres.
tu, carmen, gostas de homens (na verdade és um também).
tu, júlio, gostas daqueles que são como tu.
tu, dárcio, gostas de carmens, fernandas e júlios.
tu, beatriz, gostas de fernandas e de dárcios e de júlios e de carmens.
a vanessa só gosta de antónios, que só gostam de vanessas.

esta vida não passa de uma miscelânia sexual.

amanhã vamos à descoberta.
e estamos cheias de vontade de vos conhecer.

11.5.10

dois mil e doze

às vezes chego a interrogações sobre o sentido da vida caso ocorresse uma potencial tragédia nefasta por aqui, nesta minha cidade, ou simplesmente na minha vida.
os prédios começam a ruir e o pânico aglutina as ruas, pessoas aos gritos, sirenes estridentes, escuridão e medo. pronto, chegou a hora pensarei eu, apática, como aconteceu no dia do teste de psicologia, em que um avião, por mero acaso, sobrevoou a escola um pouco mais perto do que o normal e as paredes ressentiram com o ruído. chegou a hora, e que mais? o meu coração não acelera como nos filmes tenho aprendido, não desato aos guinchos com as mãos na cabeça. não, permaneço ali sentada, se sentada estiver, ou tranquila no meu sofá a escrever no blog, lamentando os coitados que em momento tão aterrorizador estarão a aliviar aquelas necessidades de que a natureza nos incumbiu.
acho que isto é o pânico. e agora?, e agora nada, todos os procedimentos que nos ensinaram estão escondidos debaixo da massa cinzenta, demasiado assustados para serem postos em prática. o vazio percorre-nos dos dedos dos pés à ponta dos cabelos e passam alguns segundos até que a histeria comece. no entanto, nesse breve intervalo de tempo há algo que nos surge como um arrepio. alguém, talvez.
e o tabuleiro de xadrez vira-se do avesso, e as peças tombam pelas ruínas da catástrofe e, finalmente, alguém encontrou o verdadeiro sentido da vida. finalmente, valoriza-se a begónia que sempre esteve ali e que foi sempre ignorada. arrisca-se a vida para a colocar a salvo porque, nesse momento, percebe-se o que é o amor.

30.4.10

ontem, dia mundial da dança

e, por isso, passámos a aula de educação física a dançar sem parar - é claro que o general não estava presente.

ontem, dia mundial da dança.
hoje, estou com o corpo dorido.
e sabe bem!

27.4.10

anticonstitucionalissimamente

há uns anos atrás, estava numa situação de convívio social forçado (detesto esses momentos). não me lembro com quem nem onde estava, mas não tinha quaquer tipo de confiança com as pessoas e eram todas mais velhas que eu. reinando o silêncio, decidi intervir a favor de todos:
- sabiam que a maior palavra portuguesa é "anticonstitucionalissimamente"? - sabia-o porque, naquela altura, havia cartazes publicitários com a palavra. todos se mostraram falsamente surpresos mas um senhor, já de idade, respondeu-me com arrogância:
- anti-inconstitucionalissimamente? isso nem sequer é uma palavra! ou é anti, ou é "in", não podem ser as duas. essa palavra não existe.
não só por me envergonhar à frente de todos, mas também por não me ter compreendido com clareza, peguei na bengala do pobre e inoportuno senhor e espetei-lhe na garganta, esperando que ele morresse - isto, ao nível do meu intelecto. na verdade, esbocei um sorriso amarelo e, derrotada por um batoteiro, voltei às músicas da minha cabeça. não valia a pena contradizê-lo; o meu objectivo era iniciar uma longa conversa sobre curiosidades, ou algo do género, não era entrar numa discussão sobre a forma mais eficaz de melhorar a qualidade de vida dos surdos.
a palavra anticonstitucionalissimamente é objecto de idolatria por toda a internet e arredores, já que tem vinte e nove caracteres e é, de facto, a maior palavra da língua portuguesa. isto chateia-me, porque é uma palavra horrorosa e o seu significado é enervante, porque remete para o conhecimento de direito a pessoas que não percebam do assunto. eu, pessoalmente, nunca ouvi essa palavra em nenhum contexto. ninguém precisa dela a não ser os crânios que utilizam o chatroulette para efeitos não aconselháveis.
e daí, ser a maior palavra? há palavras bem mais divertidas e úteis. tertúlias sobre palavras engraçadas são um aconchego para a alma: funesto, sumptuoso, sobejo, asno, estoicismo, adenóides, trepidar, chulé, frenesim (...) - muito melhor que otorrinolaringologista ou anticonstidjifnsdogfsdglsdmamente!

20.4.10

bárbara

estavas no pensamento da bárbara como a mão da lídia estava na mão do ricardo.

o casal observava o rio juntos, em silêncio, porque de nada lhes valia agir. e não te digo isto por gostar de poesia; eu gosto, sim, mas não da de ricardo reis.
percebes agora o irónico da questão?
não gosto disto como não gosto dele, vejo-o isolado no seu sofrimento de menosprezar o amor porque a vida, um dia, acaba.

a bárbara odeia isto tudo.
tudo o quê? tudo o que há.

vejamos; ela simpatiza com a perspectiva de uma vida vazia de dor e tristeza. o amor implica, para ela, uma certa dor e tristeza. e isso não é mau, porque lhe faz sentir cubos de gelo a rebolar nas suas costas febris. é uma mistura de alívio e sensação aguda que, ao primeiro toque, dá vontade de rejeitar. mas, depois, a postura estóica com que ela se permite entregar à dor está repleta de romancismo e êxtase.
por isso é que ela pensa em ti. quanto mais silêncio lhe deres, mais ela sorri enquanto dorme, mais infantil e ingénua se sente, mais febril se torna a pele das suas costas - e, agora, o corpo todo.
assim que soube o débil silêncio com que te expressaste na missa, assim que compreendeu que o mundo é redondo e nada poderá fazer para o impedir, esticou-se na cama e inspirou todo o ar que havia à sua volta.
bárbara não pode deixar de ser mulher, não pôde nunca, e, com ricardo e lídia na cabeça, procurou o teu silêncio com os dedos.

e, por isso, sorri enquanto dorme.

17.4.10

they made it to the moon

dantes incomodava-me que pequenas metáforas não chegassem aos olhos de quem eu queria, quanto mais ao cérebro e à alma. não conseguia conceber como é que era possível existir alguém tão sem vontade. as coisas mudam, é certo como as chuvas em abril, e afinal era assim que era suposto ser.
ao alcance de quem quiser, procuro as palavras menos perceptíveis e adequadas, tão opostas ao verdadeiro sentido do meu pensamento, que já nem metáforas se podem chamar. e, assim, já nem para niguém servem a não ser para mim, não havendo, portanto, razão para perder tempo com tantas teclas.
acabou-se a urgência de escrever. urgências era o que estava cravado na minha garganta para eu deixar que fluisse tudo, às vezes era difícil de controlar a saída de pacientes. eles decidem ficar-se por lá e formam um quisto perto das amígdalas; nunca soube explicar muito bem este fenómeno - as emoções assolam-nos e as coisas boas e más juntam-se todas na garganta, talvez numa disputa infantil para ver quem faz explodir melhor.
qu'est-ce que je vais dire? qu'est-ce que tu veux de moi?
l'important c'est pas la chute. c'est la atterrissage. et moi, j'attente le destin.

12.4.10

compreendeu então que o amara ininterruptamente, desde aquela manhã de cacimbo, cinzenta e melancólica, em que lhe admirara os dedos pela primeira vez.

josé eduardo agualusa, as mulheres do meu pai

7.4.10

2/4/2010

o aeroporto é o pior lugar para um encontro - especialmente para o primeiro.
não importa de que aeroporto se trate e, às vezes, também não importam as pessoas envolvidas, isto é, os "soon to be" enamorados.
convém, sim, saber como é que tem andado o sono dos interessados nas últimas doze horas, independentemente do idioma que falem, algo impossível de se verificar a olho nu.
poderá ser perigoso estabelecer-se contacto com pessoas em jet leg; falo por mim. com inúmeras horas de sono em falta, eu posso ser colocada ao mesmo nível que um hipopótamo enfurecido.

21.3.10

roda viva



"gostava tanto do dia do pai quando era pequenina", disse "fazíamos os presentes na escola. não é como hoje, que tenho de gastar dinheiro e andar para aí à procura de alguma coisa de jeito!"
"gostava que o dia do pai não fosse só para o resto do mundo. gostava de poder existir neste dia."
"o que é que queres dizer com isso?"
"nada. não tenho presente para o dia do pai. achas que pode ser uma música? achas que, virtualmente, vale? eu acho que ele ia gostar deste vídeo. acho que ele ia gostar de estar comigo, só isso já nos bastava."
"não sei, tenta."
"espero que ele tenha saudades minhas."
"terá com certeza."

prima vera

bem-vinda!

17.3.10

o livro chamou-me

tendo andado cheia de obrigações até ao miolo, venho aqui num instantinho publicitar um livro que estou a ler desde o fim-de-semana (lê-se num instantinho, que pena) que tem sido uma das poucas pitadas de sal com as quais tenho conseguido saborear melhor esta semana.
chama-se os objectos chamam-nos, de juan josé millás e é... bem... diferente.


"Quando a mulher de pasta de papel e gesso e eu ficámos frente a frente, no pequeno quarto das traseiras, tirei-lhe com a garganta seca a camisola que tinha vestida e confirmei que, de facto, tinha os sovacos húmidos. Também eu me humedeci nesse instante, sem o poder evitar. Havia outros dois empregados atrás de mim, preparando adornos e penduricalhos, mas nenhum deles se apercebeu. O manequim, sim. O manequim olhou para mim com um sorriso carregado de intenção.
Foi o melhor Natal da minha vida e ainda hoje, quando penso nele, não sou capaz de imaginar uma iniciação sexual mais rica do que a que recebi daquele boneco que transpirava."

14.3.10

auto-autópsia

hoje estou a brincar às profissões. faço-o muitas vezes. normalmente, fecho-me na casa-de-banho enquanto experimento maquilhagens e visuais esquisitos no cabelo. faço o favor de interpretar duas personagens - a cliente e a profissional - e elaboro diálogos interessantes entre as duas, que nem sempre acabam bem.

hoje, portanto, no intervalo de tempo que me concedo entre cada hora de estudo, sou um escritor falhado. está um belo dia lá fora, e cá estou eu de pijama, no meu escritório a fingir, à espera de inspiração divina para o meu próximo livro.
espreguicei-me e suspirei. talvez um pouco de música ajude. e quiçá pipocas.
agora tenho um balde de pipocas que consumo freneticamente para me consolar o estado inerte com que encaro o mundo. e assim é. neste momento, vivo num último andar de um prédio a cair de podre nos subúrbios de paris e alimento-me de pipocas de microondas e de enlatados. e uso uma boina daquelas cor de caca.
estas pipocas deixam-me agoniado - sim, sou um homem, até tenho aquele bigode à francês que se enrola nas pontas - tão agoniado me deixam, que mais quantidade coloco raivosamente nas mãos para levar à boca;  tão pouco tempo tenho para mastigar que volto a infligir-me mais um valente punhado de pipocas. já mal consigo respirar, mas esforço-me por me manter calmo. não sei porque faço isto. ou talvez saiba - traz-me um certo conforto de infância.
a minha mãe dava-me mais uma colherada de sopa, e mais outra, eu já não conseguia mais mas, vá-se lá saber porquê, arranjava sempre espaço para mais uma: "esta é pela mamã; esta é pelo papá; esta é pelo avô; esta é pelo senhor do talho" e assim por diante, sabem como é. não me passava pela cabeça deixar alguém de fora, tinha medo que as pessoas viessem assombrar-me mais tarde "não comeste a colher de sopa por mim!". a verdade é que nunca ninguém me assombrou, e eu acreditava que assim era porque sempre comi tudo o que me mandavam comer.

hoje estão todos mortos. todos. não tenho mais de comer uma colher por ninguém e a sensação que isso me traz é de uma liberdade imensa, aliada também de alguma solidão.

à medida que acrescentava pipocas ao amontoado que tinha na boca, repetia "esta é por mim" cada vez mais alto, pois não havia mais ninguém que eu conhecesse que merecesse a dedicatória de uma mão cheia do que quer que fosse. eu tinha de fazer aquilo por mim. os sacrifícios nem sempre são maus, e eu tinha de me mentalizar de que tinha de sofrer para ficar bem. a respiração tornava-se mais dolorosa e difícil, mas eu fui perseverante. comecei a sentir pequenos espasmos nos pulmões e não parava de gritar interiormente que estava a fazer aquilo por mim. eu precisava daquilo. eu precisava daquela demonstração de amor. se me pudesse ver ao espelho, sei que estaria provavelmente azul, com as veias da testa demasiado salientes. nesse momento estava já caído da cadeira, contorcido no chão, a ver o balde de pipocas rolar à minha frente. não sei se foram endorfinas libertas ou simplesmente a minha alma a elevar-se, mas comecei a sentir-me relaxado.
deixei-me permanecer estendido no chão num heróico acto de estoicismo quando o meu coração começou a perder oxigenação e, lentamente, o sangue cessou de circular no meu corpo.

7.3.10

fatalidades

hoje andei a brincar às conduções com o meu irmão.

façamos figas para que não me torne na psicopata do trânsito.

2.3.10

mulheres VS mulheres

uma coisa que realmente me desperta interesse são as mulheres e a sua interacção social. é uma verdade irrefutável que as fêmeas criam, à partida, um ambiente de antipatia entre si, se confrontadas em situações menos favoráveis, principalmente se a presença de um macho se fizer sentir. isto nos animais, regra geral, é muito fácil de se observar. tenho uma cadela e, quando a levo à rua, não a posso deixar muito próxima de outras cadelas.
em contrapartida, o organismo feminino tem um super-poder qualquer que faz com que mulheres que passem grande parte do seu dia juntas, durante muito tempo, tenham os respectivos ciclos menstruais sincronizados. é uma espécie de postura solidária que os nossos úteros e as nossas hormonas adoptam, unindo-se contra tudo e contra todos. o único problema é a maldita tpm (tensão pré-menstrual), que afecta uma grande fatia deste bolo que é o mundo das mulheres.
irritabilidade, sensibilidade, ansiedade, tensão, agressividade, fadiga e insónia são alguns dos imensos sintomas que a tpm pode apresentar. imaginemos então um quarto com dez mulheres em pleno estado pré-menstrual, com um diagnóstico abusivo de tpm.

este é que é o verdadeiro apocalipse.

ai, estas mulheres...

1.3.10

cien años de soledad

"às vezes ficavam em silêncio até ao anoitecer, um em frente do outro, olhando-se nos olhos, amando-se no sossego como antes se amaram no escândalo."


22.2.10

facebook

disse-me hoje a minha mãe:
- ando a receber muitos convites do facebook, tens de me fazer um.
claro, eu sou a secretária de vossa excelência. eu é que vou ao msn dela porque ela nem o sabe de cor, eu é que lhe adiciono os amigos e eu é que tenho de lhe fazer um facebook.
- isso de os pais terem facebook não me inspira muita confiança - respondi eu - mas pronto, eu faço-te um. tens é de seguir umas certas regras: nada de me bisbilhotares a vida nem de me comentares as coisas, que eu já vi mães fazerem isso e podes poupar-me essas situações constrangedoras.
- mas qual é o problema?
- pronto, podes comentar uma coisa ou outra, mas nada demais, por favor.
- tu deves achar que tens o domínio do facebook!
esta frase matou-me. mais tarde, perguntou-me:
- então e o que é que se faz no facebook?
- ah, sei lá... encontras amigos, deixas-lhes recados, respondes aos deles, pões fotografias... essas coisas. - ela não me pareceu muito convencida. agora tem dois amigos. que conquista! estas tecnologias que para mim são o quotidiano, deixam os mais velhos desorientados. no tempo deles é que era, não havia cá nada de hi5, facebook, twitter ou blogs. eles gozam connosco, mas já vi que, secretamente, choram nas suas almofadas por não terem uma vida virtual activa.
cheers to facebook!

21.2.10

amor é...

toquei à campainha.
- quem é?
- sou eu.
- eu quem?


eu.
hoje febril.
sou eu e sinto tudo o que digo, digo tudo o que sinto, ponho amor até nas mais míseras coisas, como cozinhar panquecas para que não morramos à fome. não quero que apenas gostes. tens de precisar com todas as tuas forças.
e daqui a trinta anos logo se vê.
tenho medo de morrer ou até de me afastar milhares de quilómetros da minha vida.
é da boca para fora quando digo que quero hibernar.
eu gosto disto.
felicidade qb.

14.2.10

carnaval

hoje quem? é que vai para torres vedras.
vamos apanhar boleia para a loucura do carnaval. já sexta-feira andava armada em assassino do scream a afungentar os transeuntes da baixa lisboeta, e que divertido que foi!
ah. pois. também é dia dos namorados. que ridículo.
mas agora o meu querido carnaval, eu não trocava por (quase) nada! é a altura do ano em que posso fazer o que mais gosto: palhaçadas.
e é esse o desafio até terça-feira: ser-se o mais parvo possível.
vamos ver se há quem!

estou em pulgas!

11.2.10

o pneu

hoje estou pneumática - dos pés à cabeça.
ar dentro do crânio. para nada serve, mas insiste em acomodar-se.
tenho saudades de mim.
despedi os meus dramas de adolescente aqui do escritório cerebral. executavam bem demais o seu dever... mas, sei lá, chateavam-me (que é para isso que eles servem). posto isto, mandei-os à fava. não percebo porquê, mas foram-se embora e roubaram-me inspiração.
então eu inspiro.
e o que é que entra para substituir o vazio? ar.

e, por isso, ando pneumática. não só hoje; recentemente.
disse que tenho saudades de mim. não ando a cem por cento; a cem por cento de mim. a expressão "cem por cento" fica feia por extenso. então, pronto, 100%. que belo valor, tão cheinho e pneumático. 100% eu, sabe bem, e tenho saudades disso.
falando em valores e percentagens, pensei de manhã no quanto de mim te dei.
           65%, pensei. e já é demais.
acho que é falta de sono. na verdade tenho muito sono, mas é isso que geralmente se diz quando se tem dormido pouco: "estás com falta de sono", isto é, falta de dormir. por isso é que hoje ouvia o canário em eco. e por isso é que estou aqui a dissertar sobre coisas sem qualquer ligação. uma vez mais.

9.2.10

eles enfrentam patrícia (parte I)

"eles disseram-me, com um ar arreliado:
- não te entendemos, patrícia.
mas porquê?, pensei eu. aposto que se referem àquela irritante necessidade que tenho tido de me tornar franzina.
- mas porquê? - perguntei eu.
- por causa dessa... necessidade que tens tido de te tornares franzina.
- eu? franzina?
- sim, patrícia, desculpa. é essa a conclusão que tirámos da nossa reunião de departamento.
- só podem estar a gozar comigo... se dei essa impressão, não foi de propósito!
- pois.
- e nem sequer tinha reparado!
(eu adoro ser franzina.)
- pois.
- há algo de errado com vocês.
- às tantas...
- mas posso entrar no clube?
- não. perdão.
- eia..."

4.2.10

frases de pacotinhos de açúcar

um dia pego em montes de frases e junto-as num livro.
um dia levo-te a desbravar terrenos longínquos.
um dia começo a escrever só para mim.
um dia deixo de usar telefone.
um dia visto a roupa ao contrário.
um dia incendeio a minha casa.
um dia deixo de ter tpm.
um dia aprendo a jogar voley.
um dia torno-me numa pessoa normal.
um dia rio-me das tristezas dos outros.
um dia como dez quilos de chocolate.
um dia participo num concurso.
um dia mascaro-me no dia da implantação da república.
um dia rapo o cabelo.
um dia começo a correr todos os domingos.
um dia deixo de tomar banho.
um dia aniquilo a humanidade.
um dia faço xixi em público.
um dia parto um braço.
um dia páro.

uma noite tomo amor com o café da minha vida.

27.1.10

isto não é genial?

pois claro que é.
uma versão inteligente e divertida da música do meu querido Chico Buarque, você vai me seguir.

25.1.10

kiss with a fist

é verdade, é entre tu e eu. tu. eu. escrevinho demasiados talões de multibanco para desperdiçar esse vasto palavreado aqui.

23.1.10

algodão doce

ela comia algodão doce assim que acordava, e acreditava que esse ritual lhe afastava todas as coisas más do mundo. levantava-se com o sol, preparava o algodão doce com o açúcar que tinha sobrado do dia anterior, estendia uma toalha de renda sobre o chão e ajoelhava-se na pequena almofada azul. lentamente, no silêncio da manhã fria, comia. deixava que o algodão se desfizesse na boca e se espalhasse pela sua língua. já tinha havido vezes em que quase desistiu, enojada com algo tão doce logo de manhã, mas a disciplina habituou-a.
e, assim, convencia-se sempre de que estava imune a qualquer questão problemática que pudesse surgir ao longo do dia. tão convicta estava, que todos reparavam que a sorte estava do seu lado. era feliz, sozinha na sua casa rodeada de flores e árvores. não havia preocupações. ela era boa para todos e todos eram bondosos para com ela, apesar de não terem permissão para se aproximarem mais do que o estabelecido. ninguém lhe conhecia os segredos mais profundos, nem mesmo o pequeno-almoço.
até que um dia esqueceu-se de reparar que o açúcar estava em falta, e não comprou mais. notou apenas quando acordou. voltou a deitar-se, enroscou-se nos lençóis da cama, apertou-os com força e chorou o oceano atlântico. ficou desidratada e enfraquecida, e assim deixou-se ficar.
nunca mais ninguém ouviu falar dela.

21.1.10

resultados da sondagem

esta sondagem foi interessante. folgo em saber que 50% dos meus leitores são mentirosos ou fazem por levar uma vida saudável, andando a pé habitualmente. todos sabemos que, para além de fazer bem às pernas, às costas, à circulação e aos distúrbios psíquicos, é ecológico. os meus parabéns.

posso dizer o mesmo dos 38% que admitiram andar frequentemente de metro, que também não emite gases poluidores para o ar que respiramos. e também é positivo enaltecermos um bocadinho os autocarros, que são o terceiro transporte mais usado pelas visitas que aqui deram o seu parecer (33%). dá-me a sensação que a publicidade aos transportes públicos que têm vindo a ganhar destaque estão a dar resultado.
os 28% que clicaram na opção "carro" serão identificados pelos nerds ds polícia rodoviária. não prometo que algo de bom daí surja. táxi (6%) e mota (6%) não revelam valores preocupantes, mas devo salientar o facto de três pessoas (5%) terem admitido que andam de bicicleta! até mereciam um aplauso. eu só não ando de bicicleta porque tenho medo de não chegar ao meu destino viva. mas isso sou eu. continuem.
concluindo os resultados do inquérito, sinto que tenho de avisar os meus leitores de que é preciso apostar nos transportes ou nas próprias pernas. gastam menos dinheiro e são mais fixes. acho eu.
wooooooooooooow 60 votos! isto está cada vez melhor! vamo lá, pessoal! é não desistir!

19.1.10

tell me about love

já houve quem dissesse que uma música ou outra de vez em quando neste blog não ficava nada mal. hoje reparei que já há uns tempos não dou um pouco de banda sonora aos meus textos, por isso até calha bem! depois da música, segue-se um diálogo fictício e um tanto ou quanto anormal que apareceu na minha cabeça. e as personagens vieram com estes nomes, nem sei bem porquê.



xana: olá meu amor!
carlos: nunca mais me trazes a este restaurante de merda.
xana: ai os teus modos, carlitos!
carlos: desculpa! olha que às vezes devias poder ver-me todo por dentro, para me perceberes melhor do que eu.
xana: não faz mal, estamos juntos para isso mesmo.
carlos: para tu me perceberes?
xana: e tu a mim.
carlos: então e o sentimento?
xana: quando chegar o tempo de nos amarmos já vamos estar mais do que mortos.
carlos: então amemo-nos apenas!
xana: não dá tempo, tenho de me ir embora. adeus.

11.1.10

loucura comedida

"ela disse: olá
e ele respondeu: não gosto de chocolate
ela sentiu um espasmo horrível no peito."

meu amado chocolate...

8.1.10

dicas sobre quem?

sei balbuciar bastante, característica que noto com mais frequência nas diversas relações interpessoais que inicio.

também sou portadora de uma rara anomalia que é respirar com frequência a comida quando não me sinto à vontade no meio em que me encontro. normalmente são grãos de arroz que me provocam lágrimas nos olhos e tosse, pode até ser sumo ou um pedaço de hamburguer.
pelos vistos, pareço o zé de vestido, quando danço em estado de euforia. ou um macaco. ou ambos.
às vezes rio-me tempo demais para o que seria de esperar e por isso é que os meus amigos pensam duas vezes antes de me convidarem para almoçar.
também gosto de ser anti-coisas, mas sou-o mais em grupo. tirar fotografias dentro de um cubiculo designado para esse efeito com uma máquina fotográfica, passar meia hora numa loja de renome escolhendo os piores conjuntos de toilette, dirigir-me à porta de saída da papelaria o mais lentamete possível, com o intuito de ser a última a chegar à meta (e, quem sabe, ganhar um prémio por isso), pedir sempre a time out no dia antes de ela sair, ir em hora de ponta dançar para o pé dos altifalantes das lojas, subir as escadas rolantes que servem para descer, entrar no metro e sentar-me no chão e ir a uma loja de tatuagens para acompanhar a amiga que, não querendo uma tatuagem, vai pedir o panfleto e o preçário, andar à chuva e coisas dessas, como escrever um texto sem qualquer tipo de fio condutor.
bom fim-de-semana.