20.7.10

lua,

o que será que pensaste nos teus últimos momentos, quando a mãe pegou em ti, aconchegou-te nos braços e chamou por ti? sentiste amor? ficaste descansada por deixares este mundo com o cheiro da mamã em ti? deixaste o teu corpo com a voz dela no teu coração? foi a última coisa que ouviste, o teu nome, dito com algum desespero e muito carinho. espero que tenhas pensado em mim também. foi cedo, mas agradeço por te ter tido na minha vida, amei-te como a uma pessoa, como família. e as lágrimas dizem o resto que ficou por dizer...
serás sempre a minha bebezinha.



16.7.10

bff

- tens noção que ficou toda a gente a olhar para nós no autocarro, não tens?
- sim, não me importo. quando estou contigo dá-me vontade de fazer estas macacadas, parece que as pessoas à nossa volta desaparecem, como se nunca nos pudessem recriminar.

6.7.10

manequins

nós achámo-los loucos, todos nus e usados, todos putas reles, a afogarem-se no próprio sexo.
a nós, acharam-nos mais loucas ainda por fotografarmos inúteis pedaços de corpos a fingir caídos numa loja falida.

la vie en rose

neste momento, parece-me demasiado estranho o facto do tempo passar. por mim, seria para sempre madrugada do dia 6 de julho em que faz um calor dos diabos até com o ar-condicionado ligado e eu cheiro a lavanda.
deambulo pelo quarto que nem um morto-vivo. sinto-me num preâmbulo de vida, não tenho sono nem fome, mas mesmo assim petisco umas bolachas e dormito um bocadinho.
este calor é tão intenso que nos chega ao coração. está tudo muito mais acomodado e leve, deve ser do sol e dos seus super-poderes, deve ser do calor que obriga as mocitas a andarem com menos roupa possível e dá-lhes boa cor.
tenho investido nos filmes e livros românticos; não costumam ser bem o meu género, mas decidi tentar envolver-me neste ambiente de "até os nerds encontram algures a sua musa" ou "um casal que se ame loucamente estará para sempre amaldiçoado". na verdade, não me têm ajudado os filmes nem os livros, não me tenho sentido inspirada. acabei de ver o notting hill porque me sentia idiota a viver num mundo em que toda a gente já viu o notting hill. agora sinto-me ainda mais idiota porque detestei, talvez me fosse melhor ficar na simples incógnita, foram duas horas do meu tempo mal gastas.
ou talvez simplesmente não tenha muito jeito para isto - ver gente que nem existe e perceber como é que todo o conceito de amor se desenvolveu  nas suas vidas. eu, cá para mim, ficava-me para sempre nesta bela madrugada de verão, para poder passear por aí à vontade sem nenhuma preocupação, e para deixar o quente do ar entrar-me nos pulmões.