27.5.09

agradecimento

depois de uma longa tarde de estudo, tenho a dizer:

obrigada, leite condensado, por existires.

24.5.09

hibernação

se queres um "fight the power" só perdes tempo com isso.
primeiro define que power é esse a que te opões.
a minha cabeça funciona só para mim e ninguém controla o que se passa aqui. parece-me mais vantajoso e eficaz do que um movimento físico. ninguém acredita no quão poderoso poderá ser. acordem, mentes. acordem. e, mesmo assim, lá vão vocês, com o velho argumento - se não consegues vencê-los, junta-te a eles. ainda se admiram que estejamos a regredir.

20.5.09

resultados da sondagem


cá estão os resultados. felizmente, 40% das pessoas que visitam o meu blog não estão em sofrimento financeiro. para os coitados 25% que estão debaixo da ponte, continuem a votar!


19.5.09

o karma no meu pé 39

já percebi que o karma me ama. o karma é um bom amigo quando me convém e, agora que não me convém nada, apetece-me mandá-lo para baixo de braga. mas ele está sempre lá, qual amigo leal, à espreita, à espera de uma oportunidade para atacar.
pois bem, o karma ficou atento e deve ter bem reparado que eu o esmagava com os meus pés número 39. há pés maiores, mas 39 já é qualquer coisa, e ele não achou grande piada. com certeza que a vingança já não tardava.
quando ele me encontrava no autocarro a ir para casa, ia-me dizendo, com os seus jeitos todos orientais, eyeliner a pôr os olhos em bico e uma pinta brilhante na testa:
"então mas porque é que estás a fazer isto?"
ISTO? isto o quê? fiz mal a alguém?
"sabes que sim, no mínimo a ti mesma. aproveita e faz o que te digo: se podes ter o que realmente queres, não finjas que és uma entendida no assunto."
é óbvio que eu saía sempre umas paragens antes da minha, a minha mãe não gosta que fale com estranhos e eu não estou para aturar figuras imaginárias em transportes públicos.
ele às vezes faz-se de invisível, sei lá se é um super-poder, e ZÁS! torceu-me o pé, o meu pé 39. felizmente não foi nada de grave, deve ter sido um pequeno aviso ou assim, mas andar de muletas custa e passei o resto do dia a deslocar-me assim.
portanto, talvez ainda vá a tempo de apanhar o comboio. por lá não anda o karma, ele só tem passe de autocarro e metro, escusa de me azucrinar mais o juízo, e acho que o próximo ainda não partiu. acho...

16.5.09

voltar atrás no tempo para encontrar respostas

a minha mãe tinha um toyota quando eu era pequenina. lembrei-me daquelas cantigas que nos ficam na memória e, curiosamente, encontrei uma série de respostas óbvias para as minhas questões.
toyota, toyota aué
meu amor partiu o pé
fui chamar o 115
a caminho do hospital.
enrola o melão desenrola a melancia
se queres casar comigo vai pedir à minha tia
oh zic, oh zac, oh zic, oh zic, oh zac
eu fui à bélgica de avião
no aeroporto encontrei um borrachão
pisquei-lhe o olho apertei-lhe a mão
o que ele queria era um ponto de interrogação
STOP, CONGELA
agora já sei. é de pequenino se aprende, e eu nunca tinha reparado.

9.5.09

um passo para a frente, dois passos para trás

hoje é mais um dia, um dia que faz completar um ano.
não sei se fiz o que senti ou se apenas dei continuidade às tradições enraizadas na nossa cultura. pareceu-me, de certa forma, um processo mecânico. é reconfortante e honroso colocar-se ramos de flores sobre um terreno adormecido, ignorando a fealdade que a natureza oferece ao subsolo, três metros debaixo da terra. não me consigo sentir bem com o "é suposto fazer-se assim". é suposto eu pensar em matéria em decomposição? é porque, se não for, passa-se algo de errado comigo. não me sinto bem, não sinto nenhuma aproximação com o transcendente ao deparar-me com aquela ironia - o feio, o inaceitável da sociedade, embelezado por mármore branco e flores coloridas.
as flores morrem. ofereço-as sabendo que, quando eu voltar, estarão feias. mortas. sem cor.
porque não afastar-me? aquela chuva miudinha já me incomodava, e quatro pessoas debaixo de um guarda-chuva só me agoniavam mais. quero silêncio.
afasto-me, para longe, resguardo-me debaixo de árvores. a natureza morta, caída no chão, move-se sem parar com o impacto do peso das gotas de chuva. é um cenário interessante.
sinto um nó na garganta, nem sei porque é que estou aqui, custa-me mais a ausência dele. vim de branco... a chuva torna-se, aos poucos, mais intensa. já confundi a água do céu com a dos meus olhos, mas não faz grande diferença.
sinto um aroma familiar que me envolve e leva-me para o outro lado do oceano, para há muito tempo atrás. agarro a terra molhada. gosto de a sentir - o cheiro, a textura. quase que me sinto criança outra vez. uma música que costumávamos cantar há dez anos ecoa na minha cabeça, em modo de repetição.
é isto. não vens mais, pois não? não sei onde é que estás, mas estás.
não te volto a ver. nunca mais. é injusto e sinto-me cansada, em pânico.
não volto a ficar sozinha.


7.5.09

rendo-me?

afinal não estava assim tão certa e segura das minhas boas intenções. na verdade, não tenho qualquer controlo sobre a minha vida, e quero acreditar que sim. pelos vistos, sou um barquinho a boiar em maré alta - é disso que eu gosto, da maré alta, mas insisto em navegar para mares calmos.
a intuição sopra-me sempre de mansinho e eu finjo que não me importo mais com isso, que isso é coisa de gente que não sabe em que fundamentar as suas atitudes desvairadas. mas já não acredito que assim seja, e tenho essa porcaria a apertar-me o pescoço contra a parede:
"se não me voltas a ouvir, torno a tua vida num inferno, minha porca!"
hei-de ouvir a minha intuição e viver louca e perdida para sempre. a minha missão aqui na terra é-me desconhecida por enquanto, e eu faço por acreditar que estará relacionada com esta utopia estranha que me é longe e inalcançável, que me corrói todos os dias.
aceitar o convencional - sim ou não? tenho de dar a derradeira resposta? bom... aceito durante uns tempos, enquanto me der jeito. mas, cá no fundo, o convencional cheira mal. prefiro, por agora, alienar-me desses fantasmas.
quem sabe, mais tarde... e, até lá, dói.

3.5.09

auto-crítica

gostava de ser uma princesa
para poder viver num castelo
ter maneiras à mesa
usar uma faca em vez de um cutelo.

os meus cabelos seriam compridos
com suaves reflexos de loiro
assim como os meus vestidos
macios, bordados a oiro.

à tarde cantaria à janela
melodias de trovador.
chamar-me-iam de bela,
implorando-me por amor.

até que, um belo dia,
apareceria um principe encantado
com ele eu casaria
e viveria feliz a seu lado.

infelizmente, não sou princesa.
não sou!, nem nunca serei,
não tenho maneiras à mesa
pois não sou filha do rei.