11.5.10

dois mil e doze

às vezes chego a interrogações sobre o sentido da vida caso ocorresse uma potencial tragédia nefasta por aqui, nesta minha cidade, ou simplesmente na minha vida.
os prédios começam a ruir e o pânico aglutina as ruas, pessoas aos gritos, sirenes estridentes, escuridão e medo. pronto, chegou a hora pensarei eu, apática, como aconteceu no dia do teste de psicologia, em que um avião, por mero acaso, sobrevoou a escola um pouco mais perto do que o normal e as paredes ressentiram com o ruído. chegou a hora, e que mais? o meu coração não acelera como nos filmes tenho aprendido, não desato aos guinchos com as mãos na cabeça. não, permaneço ali sentada, se sentada estiver, ou tranquila no meu sofá a escrever no blog, lamentando os coitados que em momento tão aterrorizador estarão a aliviar aquelas necessidades de que a natureza nos incumbiu.
acho que isto é o pânico. e agora?, e agora nada, todos os procedimentos que nos ensinaram estão escondidos debaixo da massa cinzenta, demasiado assustados para serem postos em prática. o vazio percorre-nos dos dedos dos pés à ponta dos cabelos e passam alguns segundos até que a histeria comece. no entanto, nesse breve intervalo de tempo há algo que nos surge como um arrepio. alguém, talvez.
e o tabuleiro de xadrez vira-se do avesso, e as peças tombam pelas ruínas da catástrofe e, finalmente, alguém encontrou o verdadeiro sentido da vida. finalmente, valoriza-se a begónia que sempre esteve ali e que foi sempre ignorada. arrisca-se a vida para a colocar a salvo porque, nesse momento, percebe-se o que é o amor.

1 comentário:

Alusão ao desencanto disse...

Racionalizar pelo própio valor sentindo o desafinar do ritmo da vida é bastante asqueroso, causa uma arritmia constante, um cansaço interno com fortes delírios que alimentam a incapacidade de se imaginar vivendo, de voltar a praticar os desejos básicos do corpo, talvez até que podemos recusar a consequência da morte em um plano espiritual, e então aceitar de vez a incalculável dimensão da não-existência.