26.1.09

crises que dão vontade de rir

se calhar não sou assim tão útil.
se calhar não estou em forma.
se calhar falo alto demais, falo demais. digo o que não devo.
se calhar sou boa amiga mas só sou útil às vezes.
aproveitam-se de mim.
se calhar sou ingénua.
ajudei-te, estive lá para ti. fico de mãos a abanar se esperar preocupação ou atenção em troca.
acho que ocupo demasiado espaço.
ocupo demasiado tempo.
se calhar não me sai nada de produtivo porque não me sinto valorizada.
porque se calhar tentei e custou. tentei e não valorizaram.
se calhar sou uma péssima pessoa.
se calhar sinto que me estão a espremer a alma.
têm sido muito exigentes comigo, são todos uns asnos.
não sei para que raio é que sirvo, nem sei porque é que existo.
obrigada por me fazerem sentir pequena.
irritam-me por acharem que sou assim tão desnecessária.
se eu me fosse, faria-vos falta! é claro que faria.
mas não me quero ir, não agora!
só quando tiver oportunidade de explorar os 1001 planos que elaborei para o futuro.
só quando chegar ao futuro.
porque gosto de escrever, de desenhar, de cantar, de pintar, de ler, de dançar, de rir...
acham que não presto? não, não acham.
mas, mesmo assim, esfrego-vos na cara: vou ser bastante feliz!
na minha casinha de campo, com cinco filhos e uma hortinha.
quero lá saber da avaliação, estou tranquila.
eu gosto dos outros.
se calhar vou viver sempre com esta angústia.
porque gosto deles, e eles esperam sempre demais.
porque não gosto deles, e eles esperam sempre de menos.
porque até gosto de mim. e eles também, mesmo que o não demonstrem.

-MAS QUE RAIO DE PROBLEMA TENS TU?-

ah, esqueci-me; não consigo chorar.

23.1.09

lar, doce lar



entre...

acordar cedo, ir em passo rápido para a escola de manhã, ter blocos de noventa minutos de disciplinas diferentes, tentar participar o máximo em cada uma, evitar falar para o lado ou escrever SMS's, ter tempo para me abstrair por escassos minutos e escrevinhar coisas que me vêm à cabeça, ir numa correria até lá abaixo ao café comer uma sandocha enquanto posso falar, falar, falar, falar, falar, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir (tudo isto em velocidade dupla para que não escape nada), e toca a subir mais três andares para não levar falta de atraso, almoçar com tempo para dois dedos de conversa e gargalhadas pelo meio, ter mais uma aula à tarde, para depois comer qualquer coisa que engane a fome enquanto penso no que tenho de estudar, ir para casa estudar, passear no blog, fazer trabalhos de casa, trabalhos para entregar, relatórios e/ou resumos, pôr a mesa, "olá mãe, como é que foi o teu dia?", falar falar falar, comer de uma assentada, arrumar a cozinha e deitar-me a ler (ufa, custou)
...costumo ter pouco tempo para ficar a pairar no meu "groove mental".



hoje é sexta-feira, e fico contente por isso.

mas, de qualquer das maneiras, hoje tive uma estranha sensação de "lar, doce lar". não sei explicar. perdi-me numa memória e, por instantes, senti-o no corpo: algo que me soube familiar, meu, que já tive e não me lembrava.

não sei explicar. não é fácil definir. era tipo mel. talvez toda a gente já tenha sentido isto mas, sendo tão difícil de explicar, ninguém fala sobre isso. achei que publicar um texto sobre isto faria sentido. talvez...

21.1.09

vamos ver quem aguenta

por falta de melhor, ontem decidi testar a minha auto-disciplina e comprometi-me a ficar 60 (sessenta) dias sem comer chocolate. sim, o meu amado chocolate. nem sequer tocar nele posso.
isto pode parecer ridículo para muita gente mas, quando os sessenta dias do meu calendário ficarem todos com uma cruz em cima, eu vou-me sentir extremamente realizada.

desafio-vos a fazerem o mesmo.

tirem alguma coisa da vossa vida, algum vício ou, simplesmente, algo que não resistam fazer mas que não seja indispensável ao vosso quotidiano.
cumpram o calendário.

aah! dói, não dói? só de pensar...
bom, mas agora já está.
vamos ver se passo no "teste"

17.1.09

retro 70's

ia hoje no carro com a minha mãe a falar que nem uma desalmada (como normalmente acontece entre nós). ela pouco me ouvia por estar concentrada no trânsito, mas eu já estou habituada e teria todo o gosto em, mais tarde, lhe repetir toda a história mirabolante que tinha para contar. amo falar com a minha mãe, porque ela me ouve. ou, pelo menos, fala muito raramente, e isso deixa-me descontraída.
sei que, muitas vezes, estou a falar apenas para o tablier (quando estamos no carro), ou para os artigos expostos no super-mercado e restantes pessoas à minha volta que queiram bisbilhotar a minha vida.
acontece que, ao falar com ela, entusiasmo-me sempre. se ela me pede que me cale, ou se atende o telefone, fico impaciente. não por ter mau feitio, atenção! é só porque lamento que ela perca uma tão rica história.

mas hoje foi diferente.




calámo-nos as duas a olhar para o rádio, de repente. aquela música preencheu-nos a alma. por dois meros minutos, eu ia jurar que o mundo estava em paz. sentimos tudo tão certo, foi mesmo um aconchego...
sorrimos as duas, cantarolámos.

"no meu tempo, esta música foi um êxito!"
pois, pudera. há qualquer coisa nela que dá vontade de ouvir uma, duas, três, vinte vezes de seguida!
às vezes gostava que me tivessem dado a escolher a época em que nasci... não é que esta seja má de todo, mas os 70's têm o seu encanto.

"sittin' here resting my bones"

16.1.09

conhecem-no?

podia armar-me em fanfarrona e dizer que o conhecia.
um dos pais é do brasil e o outro europeu, e o mesmo se passa comigo.
mas, para além de não gostar da palavra "fanfarrona" porque é feia, acho que é também feio mentir.
"conheço-o de vista" diria eu. ou mesmo "sim, conheço-o, já ouvi falar dele e sei descrevê-lo fisicamente"

creio que o conceito de conhecimento vai para além disso. é preciso respeitar certas regras para se dizer que se conhece algo.

resolvi, então, pedir ajuda à filosofia para poder convencer-vos a todos de que realmente o conheço.

bom, de acordo com as etapas do processo de conhecimento:
primeiro, o sujeito (ou seja, eu) tem de estar motivado a conhecer o objecto (de facto, andei a passear no youtube e foi no que deu);
depois, o sujeito deverá visualizar o objecto (sim, até aqui tudo bem) e desenvolver uma percepção através dos sentidos (sim, claro -_- através do monitor, não me parece);
por último, as mensagens são descodificadas pelo cérebro, que é quando se dá a verdadeira percepção total do objecto.

O conhecimento poderá ainda:
1)viver da experiência, das aptidões do sujeito
2)existir apenas através de contacto
3)existir da teoria (é o caso, não? ok, talvez não se aplique a pessoas)

ok, pronto...
mas, posto isto, não levanto a bandeira branca sem antes dizer que ele parece, de facto, interessante. e mais não digo porque, para o fazer, teria de aprofundar o conhecimento. e isso é, de momento, impossível.

mas elas hão-de concordar comigo.

estou a falar -> dele

13.1.09

sim, fui eu!

já me perguntei muitas vezes se serei orgulhosa.
a minha noção de orgulho: é talvez o não nos conhecermos bem o suficiente; é falta de confiança e de segurança; é o termos medo em aceitarmos as consequências das nossas acções.

todos nós fazemos asneiras - com ou sem intenção, bem ou mal intencionadas.
perdoar é divino. cometer erros é humano, e assumi-los também. se fosse divino, acho que haveria aí muito mais gente a dar o braço a torcer.

não os assumimos porque temos medo de drásticas repercussões, e isso custa-nos uns quilinhos a mais na consciência. ou, talvez, porque temos medo de mudar a imagem que as pessoas têm de nós. ainda melhor: temos medo de mudar a imagem que temos de nós mesmos. logo, não somos seguros em relação ao nosso eu. pronto, um pouco de orgulho não há-de ser grave, mas deveríamos sentir-nos bem connosco ao ponto de podermos admitir quem somos.

"eu sou assim. eu errei, prejudiquei outros, e lamento verdadeiramente. como não posso voltar atrás, evitá-lo-ei para uma próxima. aqui estou eu, satisfeito(a) com a pessoa que sou."

era bom se tudo fosse assim... orgulho em exagero estraga relações. temos de saber reconhecer também que nem sempre temos razão. é horrível quando tenho 99% de certeza que tenho razão em relação a alguma coisa e alguém prova que estou errada. sinto-me magoada. bom, não posso levar sempre as coisas a peito. os outros não hão-de gostar menos de mim por eu estar errada.

a modéstia é uma qualidade e pêras.

12.1.09

irritante, irritável, irritada

para mim, há sempre um ou dois dias por mês assim.
culpem-me, culpem as hormonas (o ciclo menstrual da mulher tem muito que se lhe diga; temos de passar por diferentes fases por mês, em jeito de pagamento por querermos - ou não - ter filhos. que lamentável), enfim... sinto-me mal só pelo facto de atribuírem a culpa a algo.
detesto clichés, mas cá vai.
a inspiração não está do meu lado hoje, portanto...

"(...)Bound with all the weight of all the words he tried to say
Chained to all the places that he never wished to stay
Bound with all the weight of all the words he tried to say
and as faced the sun he cast no shadow
As they took his soul they stole his pride(...)"

estou vazia por dentro e sinto-me a sufocar com tanto barulho.

9.1.09

quem brinca com o frio, apanha gripe

não seria de admirar que eu hoje ficasse em casa, com febre.
passei o dia todo deitada; quando podia, bebia chá. que irónico... ontem de manhã não pensava noutra coisa! eu queria o cházinho e a mantinha, mas sem qualquer custo adicional.
detesto sentir-me assim como, suponho, a maioria das pessoas há-de detestar.
doía-me o corpo, a garganta, a cabeça, e ainda me sinto assim... por isso é que tenciono ser breve no post.
hoje tinha tanta coisa para fazer e, por causa do episódio de ontem, só pude dormir até ficar colada à cama.
se deus existir é, com certeza, um ser bastante sarcástico.

8.1.09

dia frio - reflexão sobre isto e aquilo

venho por este meio demonstrar a minha profunda indignação relativamente ao começo do dia de hoje.

NÃO ME CABE NA CABEÇA FAZER QUALQUER TIPO DE EXERCÍCIO FÍSICO AO AR LIVRE QUANDO O TERMÓMETRO MARCA 2ºC!

não devia ser permitido. odiei. senti o meu corpo a congelar até aos ossos, o ar que saía dos meus doridos pulmões parecia fumo de charuto. dias destes deviam servir para uma pessoa ficar a descansar em casa...
pois. descansar em casa, com uma mantinha quentinha, a ver televisão e a beber chá quente não passou de uma imagem disforme, lá ao fundo do túnel; de um momento impossível de concretizar. e é claro que foi o principal tema de hoje.

"a esta gente é difícil agradar" - devem pensar os professores. principalmente o nosso professor de educação física, aposto. às tantas, ria-se por dentro com os gemidos e as reclamações dos indefesos alunos que, não habituados ao sofrimento, se lamentavam da sua árdua vida de estudante. que sentido é que faria aquilo?! estava frio, não devíamos fazer aula!

eu também barafustei, assumo. mas, depois, lembrei-me do que a minha mãe me disse há pouco tempo. estávamos a falar da crise financeira que tem abalado o mundo, e eu tentei ver algum aspecto positivo nisso... talvez a humanidade se una por uma boa causa, disse eu, estupidamente.

"a tua geração está habituada a ter tudo facilitado. rapidamente se mantêm em contacto e acham que o dinheiro e o mundo são coisas com as quais é fácil lidar. esta crise vai fazer com que vocês percebam que a vida é realmente dura e que não tem sentido estarem-se sempre a queixar por tudo e por nada"

pimbas, chapada na cara.

mas é verdade.
foi duro aguentar aquele par de graus centígrados no corpo enquanto lutávamos por um bom desempenho na aula. foi duro termos de nos controlar. vai ser sempre duro, e é preciso que nos habituemos desde já.
eu sei que o inverno é passageiro e, daqui a bocado, já me estou a queixar do calor. enquanto o incómodo for físico e tolerável, aguento.

tenho é medo do que poderá vir, no que diz respeito a dores financeiras, profissionais, emocionais e psicológicas.
hoje tenho prato quente na mesa todos os dias... sei lá eu se, daqui a dez anos, nem dinheiro tenho para me aquecer!

e lamento muito, por todos os que estão nessa situação agora. por todos aqueles que hoje dormem ao frio, silenciados. por todos aqueles que não sabem que, dali a hora e meia, já estarão no conforto de uma sala quente.

4.1.09

ano novo, vida... nova?

FELIZ ANO NOVO! - gritavam todos.

sim, feliz ano novo... não sei o que me espera. a parte boa é que dificilmente será pior do que 2008. penso isto e, logo a seguir, esbofeteio-me por ser tão mal-agradecida.
todos se abraçavam, gritavam, riam... enfim, coisas que a juventude faz quando está feliz e embriagada. mas eu quis estar comigo.
"não devias pensar nessas coisas" disse-me a minha consciência. "o que passou, passou. diverte-te!" irritei-me, e contrariei esta voz. não; tinha o ano todo para me divertir à vontade. deixem-me estar introspectiva, poxa. apetece-me!
a última vez que tinha visto fogo de artifício tinha sido havia exactamente um ano. passar um ano sem ver fogo de artifício é um bocado... lembrei-me do rock in rio, mas eu não estava nem aí quando o espectáculo de pirotecnia me invadiu os ouvidos. o meu problema não era o fogo de artifício, mas sim o contexto. estou oficialmente longe dele. ele foi-se embora em 2008, e já estou em 2009. custa-me um bocado aceitar isto.
2009 reserva-me muitas surpresas, coisas que me são desconhecidas, e isso é bom! por outro lado, 2008 fica para trás e, em adição, muitos momentos se vão também. 2008 é passado.
eu sei o que se foi, e não sei o que virá. saber isto entristece-me e, ao mesmo tempo, alegra-me.
"tenho saudades" pensei, com um nó na garganta. quem me dera poder voltar atrás, só durante um minuto!
ela aproximou-se e deu-me o braço.
- então?- perguntou-me, pelo que a minha resposta foi um vago encolher de ombros, sem tirar os olhos do espectáculo. - estás bem?
- ah, sabes... - fiz uma pausa, enquanto tentava arranjar as melhores palavras que servissem de resumo para o fogo de artifício de memórias e pensamentos que me assolava a cabeça. mas só consegui, enfim, dizer - tenho saudades, pronto.
agarrou-me o braço com força.
decidimos fingir que cada foguete, cada luz que rebentava no céu, representava um acontecimento marcante; cada estrondo representava a intensidade do ano que aí vem; o fumo que ficava no céu negro era o que em nós iria mudar. ela prometeu-me que 2009 vai ser um excelente ano, que será repleto de magia e felicidade.
eu sei que não será bem assim mas, naquele momento, acreditei plenamente no que ela me dizia! fez todo o sentido! eu sentia-me cada vez mais optimista, cada vez com menos receio.
o meu objectivo era receber 2009 de braços abertos, e fi-lo sem dificuldade.
não vai ser difícil. vai ser bom! a vida é a mesma, mas podemos recomeçar.



respirar fundo.

guardar 2008 no memories keeper.

agarrar as rédeas de 2009 e aguentar a pressão!



é isto que desejo a todos :) e muito amor, claro.