lost in translation

- can you keep a secret? i'm trying to organize a prison break and i need an accomplice. we've got to, first, get out of this bar. then the hotel, then the city, then the country. are you in or are you out?

- i'm in.

tributo

porque conheço as músicas dele desde que me conheço e porque ele era, de facto, um génio.

"O músico norte-americano Michael Jackson morreu hoje, adiantam sites noticiosos norte-americanos, depois de ter sido encontrado em casa sem respirar. O músico foi levado para um hospital de Los Angeles por paramédicos. O jornal "Los Angeles Times" acaba de dizer que foi pronunciado morto."

in http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1388750&idCanal=10

não tenho palavras, porque não sei mesmo o que é que hei-de dizer. a hora de cada um chega quando tem de chegar, e os clássicos dele nunca me cansarão os ouvidos. porque não um tributo? ele alegrou-me muitas noites monótonas, principalmente com esta:

ou esta:


e pronto, cada um comete os seus pecados, mas o trabalho dele foi, de facto, meritório. rest in peace, Michael.

apologia do amor

- desculpe, eu conheço-a? - a pergunta veio logo com uma certa delicadeza que quase se tornava ofensiva. mas, pobre rapaz, tenho a ideia que não se julga um livro pela capa, e esta capa era bonita.

- ainda não.

- e agora? - continuou - já a conheço?

- se me continuares a tratar por você, não me parece.

- estavas a balançar-te enquanto eu tocava djembé, e isso só me deu vontade de tocar mais. e melhor. é isso que tu queres? que façam mais por ti, e melhor? - eu não conseguia perceber porque raio é que vinham aquelas perguntas todas. seriam as minhas calças, que já tantas vezes foram alvo de chacota? ele não me conhecia de lado nenhum, não tinha nada que saber o que é que eu queria. entretanto não respondi às perguntas, a pensar na fonte de tanta curiosidade, e ele começou a fazer caretas. é óbvio que a minha expressão sisuda se transformou numa gargalhada estridente. ele ficou pasmado.

- desculpa - pedi eu - mas é que fizeste uma cara... estranha. - teria algum tique nervoso?

- eu sei - respondeu-me - foi de propósito. agora que já estás mais bem disposta, podias-me responder à pergunta.

- ah... - fiquei sem saber o que responder. é o que as pessoas deviam fazer: procurar respostas para conversar com os outros, em vez de se indagarem sobre os loucos de lisboa ou, mais concretamente, sobre um louco de olhos claros que tocava djembé no chiado. - sim, acho que qualquer pessoa gosta de ver que os outros se esforçam por si. não que eu seja muito exigente...

- então agora somos amigos... - aquilo não era bem uma pergunta, era uma afirmação. - se somos amigos, dança mais. eu fico contente se dançares com os ritmos que faço, fica uma mistura estranhamente sensual e cúmplice. não achas? ah, e podias só pensar uma vez antes de me dizeres alguma coisa. tens medo que te mate?

- vais me matar?

- não.

- então não volto a pensar duas vezes.

- o que é isso que tens na camisola? - olhei para baixo. tinha a camisola suja... de gelado?! gelado de chocolate?

senti um safanão, era ela.

- ouviste alguma coisa do que eu disse? estava a dizer que devíamos ir ao algarve... - de repente, o meu amigo de cabelos compridos e djembé estava ainda a vinte metros, a tocar e a pensar na sua vida.

- sim, devíamos. - respondi com uma lentidão que acusou a minha apatia.

- olha para ti! nem gelado sabes comer em condições! - riu-se desenfreadamente, enquanto eu esfregava a camisola suja. - vá, vamos embora.

vamos. fomos. "adeus, amigo" pensei, enquanto passei por ele. sorriu duma forma compremetedora, ia até jurar que verificou se eu tinha limpado bem a camisola. sorri de volta, e nunca mais o vi.

liberdade

como dizem os meus amigos natiruts, liberdade p'ra dentro da cabeça. adeus exames, adeus aulas, adeus a ter de acordar às sete da manhã cinco dias por semana. estou livre e parece bom demais para ser verdade. agora posso dedicar-me a cada pedaço de auto-conhecimento que me permite evoluir a meu bom proveito. quero fazer colagens de papel colorido, crochet, ler coisas interessantes até me caírem os olhos, estar com quem gosto, apanhar com sol na cara à vontade, deitar-me depois do sol nascer, rir e passear. não posso continuar na estaca zero, ou seja lá o número da estaca onde estou. vou fazer bem à minha cabeça e evoluir, porque agora posso. e agora sinto-me capaz, e sei que não falhei. a parte mais gira? nem comi chocolate para poder recuperar o pensamento positivo! ele já fez por mim o que eu precisava que ele fizesse, permitiu-me manter a minha sanidade mental durante os últimos tempos, mas agora É VERÃO!

está calor

está calor.
mais detestável do que a sensação de (quase) morte lenta causada pelo calor é a sensação de não se encontrar uma coisa da qual se está à procura há duas horas. revirei a casa toda e não encontrei o meu gravador nem o meu macacão - jardineiras, ou lá o que é. não peço mais nada a deus - não me dá o que quero e rouba-me o que tenho. não consigo verbalizar a raiva que se inflama no meu interior. o karma anda zangado comigo outra vez. e lá estou eu a desculpabilizar a minha desatenção constante, ando em marte, perco as coisas, deixo o telemóvel na mesa do almoço, nem sequer da porcaria de uma peça de roupa sei. e isto é só o início. vai-se vendo a minha vida de perto e quase que às vezes me esqueço de quem sou, de quem fui. neste momento não sei assim tão bem. sou-me apenas um alguém mal-humorado.
não, a culpa não é do karma, a culpa é minha. eu sou irresponsável com as minhas coisas, fico sem conhecer o seu paradeiro. fair enough. é um defeito chato. pelo menos não sou uma barbie estúpida.

vai-se um telemóvel, vão-se trinta memórias

como paga de um pequeno convívio com amigas, lá se foi o meu telemóvel. deve ser o senhor barbudo lá do céu a dizer-me que eu devia era ter ficado em casa a estudar.
as minhas amigas gozavam comigo por ter guardadas mensagens de há mais de dois anos. e depois? sou muito agarrada ao passado, preciso de guardar todos os bocadinhos de coisas que me possam trazer conforto de vez em quando. é como com os perfumes; quando estão a chegar ao fim, guardo-os. e depois acabam por se estragar e qual não é a minha dor quando tenho de os deitar fora!
se calhar tenho de me desapegar do passado, para a frente é que é o caminho. as mensagens antigas foram-se, muito provavelmente para um xunga qualquer se divertir a lê-las. que venham as novas. que remédio tenho eu... agora preciso é dum telemóvel novo. não percebo nada disto nem gosto de mariquices, sugestões?

insight

pois é, há quem tenha visto. fui uma das inquiridas sobre os métodos de estudo para os exames, reportagem que passou na rtp1. fizeram-me imensas perguntas, mas pouco do que eu disse apareceu. não querendo então manchar o meu papel de respeitável cidadã, decidi escrever um pequeno texto sobre este tema.

música? não. nunca. só me distrai, amo tanto a música que não consigo prestar atenção ao que estou a estudar.
desenhos? imensos! quando me começo a cansar de estudar, faço desenhos parvos que tenham a ver com a matéria pelas folhas. às vezes faço bandas desenhadas.
manias? a caneta que uso para estudar tem de ser a mesma que uso para fazer o teste. serve-me de amuleto ou assim. tenho de estar a comer para o estudo render, por isso é que engordo duas toneladas em alturas mais críticas. é o preço do saber! preciso sempre de escrever bastante e poucas vezes releio tudo no final. pesquisa na internet também ajuda a assimilar a informação.

exercícios, montes deles. e principalmente falar sobre a matéria (sozinha ou acompanhada), arriscando-me a fazer figura de lunática.

estudar nas vésperas? maior parte das vezes.

e para que é que isto serve? não sei lá muito bem. superficialmente, para cultura geral, porque para o resto não encontro uma aplicação prática no meu dia-a-dia.

horas por dia?... umas cinco ou seis.

gosta das disciplinas cujos exames vai fazer? geografia e macs são as que menos gosto. mas inglês adoro.

o que é que prefere: vomitar ou estudar? estudar.

o que é que prefere: vomitar ou fazer um exame nacional? vomitar.

e se tivesse de fazer ambos? faltava ao exame.

e depois de todos os exames? ninguém me apanha em casa. acho eu.

fim!

reclamação de retórica

ao que parece, o nosso querido conterrâneo cristiano ronaldo, que já tanto fez pelo nosso país, mudou de clube de futebol.

não percebo nada de futebol, portanto não sei se é bom ou mau, espero que ele esteja feliz e, se não estiver, é só mais um nesta multidão de gente triste. também, com a crise económica que se tem vindo a repousar no nosso planeta, uma pessoa vai tentando encontrar a felicidade nas pequenas coisas do dia-a-dia. é óbvio que, se essa pessoa ganha €25.000 - não por mês, não por semana, mas sim por dia - a felicidade não deve estar assim tão longe.
e guardava cá para mim que, para receber tão elevada quantia de dinheiro, essa pessoa deveria ser um génio fora de série! deve ter contribuído para o bem-estar da humanidade, deve ter descoberto a vacina para a sida, deve ter encontrado a fórmula do elixir da juventude! deve ser um herói nunca antes visto! mas, às voltas com isto, não me pareceram razões suficientes para se ganhar diariamente €25.000. é dinheiro a mais, chega a ser disparatado.

han? é um jogador de futebol que não sabe conjugar bem os verbos? é um metrossexual que tem uma óptima técnica futebolística e que em nada contribui para um bom karma geral? é uma espécie de sex symbol que aparece 150 vezes por dia na televisão e nas revistas cor-de-rosa e que faz com que os espectadores se roam de inveja e se sintam num estado mais inferior do que o suposto? é uma imagem que enche o cérebro dos jovens e das pessoas de cocó, porque o adoram como a um deus em vez de alimentarem o seu intelecto? sim.

o showbiz mete-me um nojo tremendo, e essa conversa de beckhams e cristianos ronaldos vai para o saco onde ponho as revistas da maria e o programa da júlia. é uma imprensa cor-de-rosa mascarada, cujo fim é incompreendido pela maioria.

a televisão ocupa-te a cabeça para não perderes (?) tempo a pensar e a investigar coisas realmente interessantes, e é assim que eles mantêm o monopólio da humanidade, é assim que eles controlam as cabeças ocas que passam por aqui - sem contar com o fluoreto de sódio na água, uma questão com a qual ninguém se parece preocupar, e justifico isso com a ignorância geral.
nem falando da crise económica, nem falando de gostos (porque, é claro, a minha aversão ao futebol pode muito bem modelar a minha opinião em relação ao dinheiro que celebridades ganham), qual é o sentido disto?

"Isto significa que o nosso produto continua a ser bom. Se este é o jogo do povo, os adeptos precisam de ‘estrelas’. Continua a haver procura de ‘estrelas’" disse Blatter, o presidente da FIFA.

sejamos críticos. há milhares e milhares de pessoas a morrer à fome, e lá está o cr7, a laurear a pevide por modelos com ar no crânio. e ainda ficam orgulhosos? só porque nasceu em território nacional? que crédito é que isto dá à nossa nação? é esta a nossa imagem?

se é, lamento. que vergonha.

cheira bem, cheira a lisboa!

é hoje, caraças! é hoje que se enche o bucho de sardinhas e sangria! é hoje, portugueses!

adoro os santos populares, as marchas de cada freguesia, adoro a minha cidade e adoro adorá-la! e, ainda assim, quero vivê-la mais. quero conhecer os recantos da lisboa antiga, por onde tantos grandes nomes da literatura passaram.

é facto que o verão melhora a disposição de uma pessoa, o solzinho na cabeça aumenta os níveis de serotonina, as hormonas ficam mais felizes e as pessoas parecem mais bonitas. os lusitanos andam tristes e de mal com a vida, é verdade, e por isso é que gosto de sair em dias de festa. está calor e as pessoas sorriem. mesmo que não estejam felizes, deixam para trás, ainda que brevemente, todas as tristezas e infelicidades que preenchem os seus dias. mas hoje dança-se à vontade e faz-se amigos em três tempos. são as nossas características festas, em mais nenhum lugar do mundo se mexe uma cidade inteira só por causa dos santos. em mais nenhum lugar do mundo há uma festa como esta. pode haver parecidas, mas não iguais. hoje o lisboeta lembra-se do orgulho de ser português. e que orgulho é este? temos sofrido desde que somos gente, estivemos isolados do mundo até há bem pouco tempo, somos um bocadinho atrasados em relação à maior parte dos outros países... pois é. e não podemos abordar essa questão duma maneira mais optimista? talvez ainda mantenhamos antiquadas tradições e mentalidades que, de certa forma, nos aproximam das nossas raízes. e quando se vê um atraso no desenvolvimento do nosso país, eu vejo uma chance para a juventude se mexer, fazer com que portugal se mexa.

então vamos, juventude! os santos populares e a música pimba (que horror!) não são só para os cotas. participemos um bocadinho da alegria desta noite!

se calhar pareço um bocado lunática, mas olho com nostalgia para estas festas populares porque acredito que, um dia mais tarde, já só me restem as memórias.

A fragata que se ergue na proa,

A varina que teima em passar,

Cheiram bem porque são de Lisboa,

Lisboa tem cheiro de flor e de mar!

ps: não comam é petinga, porque é ilegal. a sério.

pequenos prazeres

quando não estou a estudar, estou a pensar em estudar. estou a pensar que tenho de ter aquele 18, estou a relembrar o que é que preciso de rever mais uma vez e começo a entrar em paranóia. é por isso que, mesmo não estando em aulas, acordo de duas em duas horas, com medo de adormecer e perder o dia. então, durmo 7 ou 8 horas por noite o que, para mim, é quase suicídio. nem preciso de por despertador... a minha cabeça está acordada, finge que dorme. e é isto. é esta a minha perspectiva sobre o estado pré-exame.

o que mais gosto de fazer, quando estudo, é rasgar do caderno as folhas que não importam... arrancá-las de uma só vez! é uma boa terapia. depois amachuco-as ferozmente e atiro-as para o caixote do lixo, com algum desprezo, sabendo que, dali a pouco, as pobres folhas de papel vão começar a estalar devagarinho, como se tentassem voltar ao que eram, como se chorassem e gemessem. ficam ali a contorcer-se e a maldizer a minha sorte, naquele dialecto delas. eu sorrio e nem noto o momento em que, estando já entretida nos meus apontamentos, elas acabam por se silenciar.

à procura do cartaz dos meus sonhos

ultimamente tenho andado com mil e uma ideias para posts, mas não as consigo concretizar. hoje comprei a Time Out e notei que lista de artistas para os festivais deste verão já saiu, não tenho bem a certeza se já está completa, mas senti que seria meu dever de cidadã e de dona de blog colocar uma nota aqui à direita. ainda não passei tudo, até porque dá algum trabalho estar a pôr hiperligações em todos os artistas, mas espero que tenha valido a pena. ainda há-de valer mais a pena que os meus leitores tirem um tempinho para coscuvilhar os artistas porque, a meu ver, a maioria é satisfatória. gostava de ir a todos os festivais, mas a carteira pesa menos do que a vontade de ir e um mero ser-humano como eu tem de se contentar com a sua sorte.

de qualquer das maneiras, hoje foi o meu último dia de aulas (meu e dos restantes alunos do 11º e 12º ano). entretanto ainda há muito que estudar para os exames, mas é não desanimar, pessoal! é não desanimar e encher o bandulho de doces. força aí nos neurónios!

quanto a mim, vou tirar o fim-de-semana para descansar, quero lá saber de livros, e vou aproveitar para ir ao FIMFA. quem nunca ouviu falar (que vergonha!), clique no link.

bom fim-de-semana!