23.1.12

o tampo da sanita

uma coisa que sempre me intrigou, e não sei bem porquê, é a questão do tampo da sanita entre o homem e a mulher. não me lembro de alguma vez ter havido esse problema cá em casa, se calhar houve antes de eu nascer ou nunca cheguei a dar por isso, mas comecei a dar-me conta de que é um assunto sério na vida conjugal. deduzi-o, provavelmente, a partir de séries de comédia e de revistas cor-de-rosa e nunca percebi porque é que é a mulher a eterna injustiçada e o homem o derradeiro vilão da casa-de-banho. porque não o contrário?
a mulher queixa-se que o homem é rude e deixa o tampo para cima e é preciso muita força de vontade para que ele, finalmente, resista à preguiça de deixar a sanita tal como está. assim, quando a mulher vai dar resposta às suas necessidades básicas, tem em consideração a nobre atitude do seu companheiro e a relação anda sobre rodas. dá-me pena, uma vez que ele também poderia reclamar, com a mesma legitimidade, que ela poderia ter o cuidado de colocar o tampo de volta aonde ele o tinha deixado.
pus-me a fazer contas: a mulher usa o tampo para baixo 100% das vezes que vai à casa-de-banho; façamos uma estimativa para o homem, direi que o põe para cima 75% das vezes, o que significa que em 87,5% das utilizações totais o tampo deve estar colocado para baixo. estes números fazem-me apoiar as mulheres nesta interminável guerra, independentemente do facto de eu ser uma delas. no entanto, nunca fui de me chatear com isso, simplesmente porque acho que é justo que qualquer um dos elementos do casal prepare previamente a zona a ser afectada da forma que mais lhe agradar.

até ontem.

agora já percebo, por experiência própria, o verdadeiro porquê de toda esta discussão - e não podia deixar de partilhar com os meus leitores porque, quem sabe, muitos deles terão a mesma inquietação.
acordei e fui num instantinho aliviar a bexiga antes de me resolver a ir tomar o pequeno almoço. estava ainda ensonada e tinha alguma fome, portanto toda a acção decorreu de forma automática e, eis senão quando, desequilibro-me no derradeiro momento em que deveria estar comodamente sentada - porque o tampo não estava ali e, nestas ocasiões, 4 ou 5 centímetros fazem toda a diferença - e caio na sanita. desatei a praguejar contra o maldito que permitiu que aquilo acontecesse, acendeu-se uma luzinha na minha cabeça, como quem grita eureka, e pensei: tenho de escrever sobre isto no meu blogue.
agora, não sei qual das duas opções me parece mais conveniente: ou começo uma revolta a favor da minha integridade, ou tento ser mais atenta daqui em diante. acho que prefiro ir pela primeira.

6 comentários:

Daniel Carvalho disse...

Depois de ver o link lá no meu sítio, vim fazer uma visitinha.
Este post pode ter sido a luz, porque até à data nunca antes havia sido informado de tal acontecimento... ora bem, nesse caso creio que fará todo o sentido baixar sempre o tampo, não vá por acidente ser constituído arguido por homicídio involuntário, e bonito como sou, sei bem o que acontece nas prisões (pelo menos nos filmes americanos) :)
Fora de brincadeiras, esta temática dos tampos da sanita não faria qualquer sentido se as mesmas fossem projectadas para a medida certa do rabo das pessoas, e não necessitassem dessa espécie de remendo ajustável... Mas nesse caso, iríamos escrever sobre o quê?! Assuntos sérios?!
Vai aparecendo ;)

quem? disse...

é verdade, quiçá num futuro próximo remendem esse lapso das sanitas. ou então estaremos para sempre às voltas com este tema que, pensando bem, também pode servir de desbloqueador de conversas!

Anónimo disse...

Sempre há maneiras de se desviar

quem? disse...

de me desviar do quê, anónimo?

Anónimo disse...

Da regra universal da higiene my Dear

joaquim bispo disse...

Creio haver uma confusão de termos.
Tampo é uma tampa que impede o uso da sanita - serve para tapar a vista do buraco e evitar a queda de objetos nele; roda é um anel que se ajusta ao desenho cerâmico da sanita. Esta roda é usada para baixo pela mulher - para evitar o contacto frio da cerâmica; é usada para cima pelo homem que faz chichi em pé. O conflito de géneros deve advir de o homem querer fazer chichi e a roda estar para baixo e ele ter que a levantar, ou de a mulher querer sentar-se e a roda estar para cima e ela ter de a baixar. Crise crise deve acontecer quando a mulher se senta e encontra a roda molhada de pingos de chichi porque o homem não se deu ao trabalho de levantar a roda.