25.4.09

uma questão de fé

hoje foi dia de coscuvilhar cadernos antigos da minha mãe. encontrei um que relatava uma viagem ao brasil, a primeira viagem que fiz, a viagem que delineou o esboço da minha identidade, a primeira viagem de muitas. foi nessa que conheci as minhas raízes, que conheci um pouco de mim. a minha adaptação àquele país foi instantânea, e tão cedo não me quis vir embora.
o excerto do diário de viagem da minha mãe fala de s.cristóvão, uma cidade nordestina aonde fomos passear um dia.

«Para tristeza da Catarina, só havia por lá umas flores pequeninas azuis que ela, como sempre, se entreteve a colher. Quando nos viémos embora, ela foi pôr uma flor na capela do Cristo e comentou: "Pus uma flor no Jesus e ele vai-me dar uma muito maior e mais bonita!"
À entrada para o carro encontrámos uma flor maior e amarela que parecia mesmo estar à espera da Catarina. Procurámos um pouco mais à volta, mas não encontrámos mais nenhuma flor como aquela.»

é curioso o aparecimento da flor bonita, mas não foi por isso que fiquei comovida. nunca imaginaria que pudesse ter dito uma coisa daquelas, achei engraçado. a cabeça da catarina de hoje não funciona nada assim. a catarina de hoje, quanto muito, diria isso com ironia, para se rir. poderia justificar a minha afirmação através da ingenuidade que tem uma criança de seis anos, mas terá sido só isso? às tantas foi, realmente, uma questão de fé. chego à conclusão de que era mais esclarecida quando era pequenina. descomplicar as coisas, olhar para o mundo de uma maneira tranquila e segura, seguir-se o que se sente. tenho pena que essa fé que eu demonstrava se tenha vindo a perder algures no tempo.

22.4.09

para onde é que vai o lixo?

como estou de bom humor, hoje agradeço a todos os senhores da função pública (mais concretamente, condutores de veículos pesados) por se terem unido num esforço de me aumentar o ego. obrigada por lançarem ao ar questões sobre as quais eu nunca tinha pensado e, inevitavelmente, hoje tive de o fazer.
como sempre, o doggie entra nesta história, não sendo a sua presença sequer relevante para o enredo, mas apeteceu-me mencioná-lo. caminhávamos tranquilamente, eu e dois amigos (um deles o doggie, o outro pediu anonimato) quando um senhor, do outro lado da rua, esticou o pescocinho para fora da janela do camião que conduzia e começou a chamar a nossa atenção pelo tom de voz elevado e bardajão que utilizou para nos cumprimentar. quando demos por isso, afinal nem um elogio era! passei os vinte minutos seguintes às voltas com o que o senhor nos disse. no ínicio, achávamos não termos percebido bem. mas, após chegarmos à conclusão que foi um "oh miúda (ou outro nome que remetia para uma figura do sexo feminino), queres que ta troque ou deite fora?", concluímos que era de facto para mim.
obrigada. os dois ou três velhotes que se encontravam perto de mim aproveitaram para ficar a olhar para a zona onde eu supostamente usaria fralda se tivesse dois anos.
antes de tentar responder à pergunta, tentei interpretá-la. será por usar calças bem largas? ou terá confundido a camisola branca que eu levava a pender da mala com uma fralda? é irrelevante. se eu, de facto, estivesse a usar fralda e se a tivesse utilizado para o efeito que é pretendida, preferia as duas hipóteses! que me trocasse e, de seguida, a colocasse no local adequado - ou seja, nos ouvidos das pessoas, porque é para aí que ele manda merda.

20.4.09

resultados da sondagem

não tendo tempo para muito mais, apresento aqui os resultados da última enquete: gostas de sondagens?

70% dos voluntários clicaram no sim, 30% admitiram que não, num total de 26 resultados.

conclusões a tirar:
oh, minha boa gente, 30% das pessoas que responderam são masoquistas ao ponto de se sujeitarem a fazer uma coisa de que não gostam, em prol das minhas interessantes perguntas. pois se não gostam de sondagens, agradeço-vos do fundo do coração por provocarem esta ironia. se aplicássemos este espírito de se fazer o que não se gosta no dia-a-dia mais vezes, ai é que o país andava para a frente! moral a retirar disto, e conselho da autora da sondagem: reciclem o lixo, estudem mais, ajudem o próximo e façam todas aquelas tarefas que não são do vosso agrado, mas que têm algum proveito para os outros - neste caso a existência desta indagação sobre a vossa atitude nobre. não podemos esquecer as abstenções dos firmes apologistas do "não gostar de sondagens", que nem ao trabalho se deram de fazer um simples clique.
para os restantes 70%, devo-vos também o meu agradecimento e, ao mesmo tempo, desculpas por não desenvolver as conclusão das vossas respostas. verdade seja dita, é óbvio que gostam de sondagens e daqui não há nada de curioso a retirar. de qualquer das formas, não percam o ânimo. muitas mais sondagens virão, e poderão participar nas que vos apetecer.
assim termino o meu deveras relevante estudo sobre a boa vontade dos visitantes do meu blog para me dedicar a tarefas mais exigentes como, por exemplo, estudar.

boa semana!

19.4.09

A ou B

para que serve um anel, afinal?
ele ama-me ou estou acorrentada.
adoro anéis, são o único acessório que não dispenso. compro-os a dois euros e são espalhafatosos e prateados. quando me esqueço de os pôr (coisa que raramente acontece), sinto-me nua.
e quando deixa de assim ser?
eu, alzira da silva, aceito acompanhar-te para o resto da minha vida, na saúde e na doença, etc, etc, até que a morte nos separe. mas este anel, usá-lo-ei para sempre, até mesmo quando me tornar num esqueleto podre entre quatro paredes de madeira maciça, debaixo da terra.
um anel. estou acorrentada.uma aliança é fácil de se usar. é bonita, redonda, não tem início nem fim, o que é poético, e fica bem. acho que em mãos másculas não calha lá muito bem, mas é uma aliança. não importa a aparência, usa-se porque se ama. ou será que...?
meu amado lúcio fernandes, uso este anel que me dás porque é de prata verdadeira e vai bem com o meu casaco novo. prometo ser-te sempre fiel, enquanto dormirmos sob o mesmo tecto. este anel pode ser símbolo do teu amor, mas não te esqueças de todas as condições que o nosso casamento exige. sê honesto comigo, traz-me o pequeno-almoço à cama nos dias festivos, leva-me a conhecer lugares bonitos, pergunta-me sempre como me correu o dia no trabalho, tem paciência comigo nos dias em que eu estiver de mau humor, leva os miúdos ao parque nos dias de sol, não apanhes demasiadas bebedeiras, ajuda-me nas compras de natal, trata bem a minha mãe, dá-me a mão sempre que nos aparecer um obstáculo, fala de mim aos teus amigos com orgulho, leva-me às tuas noitadas, não traias a minha confiança, faz-me companhia no crochê, não uses sem querer a minha dentadura e, sobretudo, ama-me a cada dia mais. é isto que quero que me mostres. agora, o anel... usa-o ou não, tanto me faz. só não o percas porque a jóia é verdadeira.
ele ama-me.

18.4.09

"real women have curves"

hoje dei por mim a ver a foxlife, depois dum curto zapping enquanto preparava o meu almoço.
é um facto que a sociedade hoje em dia incentiva as mulheres a caberem num 34 à força toda, a fazerem dietas rigorosas para poderem passear-se no verão sem um defeito no corpo. e como? fazendo-nos gastar dinheiro em produtos anti-celulíticos, morrer à fome, para homens com areia na cabeça nos desejarem pelo aspecto. é depressivo deixarmo-nos levar por este tipo de pensamento. as mulheres são reais com curvas, com imperfeições. cada um devia gostar de si como é! em relação ao que comemos... é claro que convém ter uma alimentação saudável, mas os doces fazem bem ao espírito. se somos o que comemos, eu quero ser doce como as pipocas.
o vídeo ilustra a minha opinião. mais filmes destes podiam vir. estamos fartas de mulheres escanzeladas! "real women have curves"

17.4.09

pau que nasce torto, mija fora da bacia



haverá melhor coisa que isto?
provavelmente, mas apeteceu-me partilhar. acho piada à ideia de se mudar a parte final dos provérbios.
grão a grão... passo fome.
pau que nasce torto... mija fora da bacia.
planos para este fim-de-semana: estudar. original, não é?
mantenham-se insanos.

15.4.09

questões que a todos importam

hoje tirei uns minutos do meu dia (bom, no total devem ter sido umas horas) para reflectir sobre um assunto que nos toca a todos e a mim, principalmente, porque me atormenta. não há-de ser um tema importante, principalmente porque pouco dele se fala e ninguém quer perder tempo com estas mariquices. ou penso nisto porque não tenho mais nada que fazer - o que não me parece que seja o caso - ou simplesmente sou estranha e às vezes dá-me para isto.

ia tranquilamente de manhã para a escola, como todos os dias, a indagar-me se chegaria atrasada à primeira aula ou se, acelerando o passo, ganharia alguns minutos extra.
o tempo tem estado chuvoso, coisa que é incómoda quando se anda pela rua, mas é por isso que uso casaco com capuz. de qualquer das maneiras, os dias de sol são mais agradáveis e, não querendo fugir do assunto, deixo aqui o meu lamento. gosto de chuva, mas só se estiver calor. a junção de diversos factores como estar frio, ser de manhã e ter de ir para as aulas não favorecem a minha boa disposição matinal.
assim sendo, estava a pensar em não-sei-o-quê e, eis senão quando, escorrego e deslizo durante uns segundos com o pé, a abanar os braços para manter o equilíbrio. não caí por sorte. além disso, a minha perna esticou-se tanto que deu-me a sensação de quase partir o joelho.
a minha primeira reacção seria olhar para trás, não fosse eu pensar duas vezes. "deixa estar", pensei "já fizeste figura de tonta, mais vale fingires que não notaste". a parte boa é que não havia ninguém por perto e nem isso foi desculpa para conter um riso abafado. se caísse ninguém via, e eu podia ter uma diversãozinha antes de ir para o aborrecimento que são as aulas. não demorou muito para que lamentasse o desígnio que Deus tem para mim.

já me aconteceu pior. uma vez, na grande escadaria que é precedida pelo comboio que pára em carcavelos, tive o belo azar de escorregar no primeiro degrau e ir em carreirinha de rabo até ao último degrau. doeu. fiquei cheia de nódoas negras. no entanto foi patético, e ri-me às gargalhadas. a multidão abriu alas, o que só por si já foi humilhante, mas a minha figura foi digna de uns minutos de felicidade para mim e, mais concretamente, para os espectadores que me rodeavam.
hoje à tarde, uma senhora caiu nuns degraus. caiu duma forma parva, em slow motion. fiz um esforço imenso para não me rir. era velhota, coitadinha, e fiquei com medo que se magoasse, eu não sou o diabo! mas, caraças, uma queda é uma queda! a menos que a pessoa em questão rache o crânio, eu tenho vontade de rir, até porque é constrangedor para todos. (a velhinha ficou bem)
as quedas ao acaso não são culpa de ninguém e podem acontecer quando menos se espera. as quedas não são mais do que uma desconexão entre o nosso corpo e o mundo físico que nos rodeia, são um momento de fragilidade perante as pessoas sisudas da rua, que não podemos antever. cair não serve para nada, portanto tiremos algum proveito disso! se for um teste à nossa determinação, que caiamos e nos levantemos as vezes que forem precisas!
se se conseguirem levantar e não sofrerem sequelas, não se esqueçam de rir. cair é chato mas rir faz bem, então zelemos pela nossa saúde!

4.4.09

parabéns Cazuza

lá no brasil, a maneira de cantar os parabéns é muito diferente. eles cantam "parabéns pra você" e é só até à parte "muitos anos de vida". depois cantam:

"Chegou a hora de apagar a velinha
Vamos cantar aquela musiquinha
Parabéns pra você
Parabéns pra você pelo seu aniversário
Que Deus lhe dê muita saúde e paz
E que os anjos digam amém
Parabéns pra você
Parabéns pra você pelo seu aniversário."
já chega? não!
depois vem a parte que era a minha preferida em pequenina:

"É pique! É pique! É pique, é pique, é pique!
É hora! É hora! É hora, é hora, é hora!
Rá-tim-bum!"

e depois grita-se o nome do aniversariante tantas vezes quantas se quiser. é, com certeza, uma forma muito mais divertida de se cantar os parabéns. e que importa isso agora? lembrei-me do meu grande ídolo, Cazuza, faria hoje 51 anos. entre as suas obras, posso destacar a música "um trem pras estrelas", "o tempo não pára", "preciso dizer que te amo" e "blues da piedade.. é claro que aconselho todas, e não é fácil escolher uma ou outra da lista imensa que ele tem. isto poderá não fazer diferença a ninguém, o Cazuza em Portugal não é propriamente conhecido, mas senti vontade de o lembrar.
parabéns, Cazuza.

3.4.09

trem das onze

porque a minha inspiração não dá para mais, e hoje estou depressivamente nostálgica...

"não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser"

"se eu perder esse trem que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã..."