9.11.08

amor à primeira vista

começo a deduzir que o amor à primeira vista não existe. não pode existir. é impossível podermos sentir algo tão estrondoso por alguém sem sequer trocarmos impressões. não faz sentido. a minha teoria é que há aqueles "cliques", uns mais fortes que outros, e sentimo-los várias vezes na vida, mesmo que não sejam correspondidos.
parece-me que esses cliques não são nada mais do que a natureza a fazer das suas. fisicamente as pessoas são prisioneiras de diferentes condicionantes que as atraem umas às outras. o que li, um dia, é que um homem e uma mulher têm necessidade de prolongar a sua espécie, como todos os animais. assim sendo, procuram no seu parceiro, involuntariamente (sim, porque não me estou a referir sequer ao aspecto nem à personalidade em questão), as características que no seu organismo são mais "fracas". é também por isso que é tão óbvio que os opostos se atraem.
não quero com isto dizer que os loiros estão para os morenos e os gordos para os magros. acontece que está provado que, por exemplo, se a mulher X tem propensão para ter problemas cardíacos porque faz parte da sua genética, irá inconscientemente atrair-se mais facilmente pelo homem Y que tem uma grande capacidade de resistir aos tais problemas cardíacos. isto tudo para que o bebé Z nasça forte. e assim por diante. a natureza quer lá saber de purpurinas e amor.
a verdade é que sou uma naba a ciência, e não irei aprofundar este tema. como dizia, há muitos "cliques" e, com sorte, um deles poderá resultar numa excelente e duradoura relação, pois os factores físicos e psicológicos estarão todos em consonância. e deve ser aí que falam de amor à primeira vista.
isso é ridículo. parem.
pergunto-me: para que querem as pessoas um amor estável e duradouro?
no outro dia, à conversa com dois amigos, percebi que há pessoas que, com medo da solidão, se agarram a alguém que seja, no mínimo, boa companhia. sou estúpida ao ponto de nunca ter percebido o quão frequentemente isso acontece. basta olhar à minha volta.
talvez tivesse medo da solidão; agora, tenho medo disso. medo de fazer isso, medo que me façam isso. isso não é amor. hoje as pessoas só procuram estabilidade, chegámos a um comodismo que assusta.
a paixão vai e vem, o amor fica. preferia que ficasse a paixão, e o amor fosse e viesse. a paixão é mais cativante. o amor é bonito mas, todos os dias, deve ser lamechas de mais.
quero cometer loucuras por paixão, sentir-me em constante insegurança, aventurar-me com ele pelo mundo, ter discussões como nunca tive, sair fora de mim, amar e odiar sem saber. isso é que me alicia. isso é que, para mim, é para sempre.

2 comentários:

Anónimo disse...

"O amor é o rídiculo da vida, nele procuramos uma pureza impossível"-Cazuza

Realmente tudo parece ser rídiculo, tudo parece ser inseguro, tudo parece ser estranho em uma relação, o amor é como uma ferida acesa que vaga nos cantos solitários.
O amor é o prazer de sentir a dor!
talvez seja por isso que as pessoas escolham outras para passar apenas algumas horas, temem sentir a dor de amar,preferem aventurar. Mas eu acho tudo isso rídiculo.Prefiro o amor cego que não consegue me enxergar!


Mas muito bom esse seu ponto de vista.Parabens!

Anónimo disse...

Tal como tu acho que o amor à primeira vista é algo impossível: como é que conseguimos apaixonarmo-nos por alguém apenas pela primeira impressão de uma pessoa, que como diz a psicologia (e muito bem diria eu) a primeira impressão é essencialmente física. E o amor é tudo menos um sentimento que se gere apenas pela componente física. Eu ate me arriscava a dizer que a componente afectiva psicológica é essencial para que exista um relação forte e estável. E portanto vendo assim, como é possível olhar para alguem uma vez e perceber que é a pessoa que nos faz sentir mais completos?

Em relação ao medo da solidão vou reforçar o que já te tinha dito: toda a gente tem medo da solidão. É algo que lutamos ainda que inconscientemente, é uma das maiores fobias do ser humano e está comprovado que é algo bastante prejudicial ao ser humano.
Portanto quando dizes que existem pessoas que de certa forma acham que se sentem sós por não conseguirem ter alguém que os ame e aproveitam alguém os amar, de facto é verdade e é muito comum. As pessoas conformam-se ao facilitismo. Muita gente não tem paciencia para esperar, para lutar por aquilo que quer, para viver essas tais inseguranças e limitam-se ao fácil, ao escolher alguém que sabem que tem hipóteses e conformam-se nesta situação.

Provavelmente muitos acabam por descobrir o amor em conjunto, mas acho que falta aquele objectivo [a paixão], aquela vontade de estar com alguém que realmente era/é tudo aquilo que eles queriam.

Excelente post.