13.6.12

valsinha

"aconteceu que, por acaso do destino - por muito paradoxal que seja esta expressão - tiveram de explodir, cada um à sua maneira. é neste tipo de situações que um pensa como pensará, quem sabe?, o outro mantém-se expectante. revoltado. orgulhoso. magoados.
é difícil ver as coisas por fora, principalmente quando se está muito por dentro. demasiado. um dormirá, o outro chora e pensa, pensa e chora, nasce então uma coisa ainda mais assustadora que o próprio amor, o ódio. já lá estava, escondido? mas, ao fim e ao cabo, é só fingido, torcido com toda a ira deste mundo e do outro, com bochechas vermelhas quentes e molhadas e olhos que quase não abrem. caminhando pela casa, apercebe-se finalmente do porquê do cliché dos filmes de amor porque apetece-lhe partir (muitas!) coisas.
pegou na sua cólera com as mãos, não havia alternativa, e espalhou-a persistentemente com beijos receosos e mãos dadas. fingir-se que se dorme é um acto falhado do princípio ao fim. pouco viu, aos poucos sentiu, ouviu também que eu odeio-te, acreditou - e jura - ter ouvido as mais doces palavras, mas amo-te tanto.
um grande passo para o homem, reconhecia agora como coisas tão opostas podem andar tão coladas. lembrou-se de um dia ouvir dizer que só se sabe que se ama uma pessoa quando se consegue odiá-la, uma questão que lhe ocupou a mente durante uns tempos e sobre a qual novamente reflectia e, finalmente,

o mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz."

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