neste momento, parece-me demasiado estranho o facto do tempo passar. por mim, seria para sempre madrugada do dia 6 de julho em que faz um calor dos diabos até com o ar-condicionado ligado e eu cheiro a lavanda.
deambulo pelo quarto que nem um morto-vivo. sinto-me num preâmbulo de vida, não tenho sono nem fome, mas mesmo assim petisco umas bolachas e dormito um bocadinho.
este calor é tão intenso que nos chega ao coração. está tudo muito mais acomodado e leve, deve ser do sol e dos seus super-poderes, deve ser do calor que obriga as mocitas a andarem com menos roupa possível e dá-lhes boa cor.
tenho investido nos filmes e livros românticos; não costumam ser bem o meu género, mas decidi tentar envolver-me neste ambiente de "até os nerds encontram algures a sua musa" ou "um casal que se ame loucamente estará para sempre amaldiçoado". na verdade, não me têm ajudado os filmes nem os livros, não me tenho sentido inspirada. acabei de ver o notting hill porque me sentia idiota a viver num mundo em que toda a gente já viu o notting hill. agora sinto-me ainda mais idiota porque detestei, talvez me fosse melhor ficar na simples incógnita, foram duas horas do meu tempo mal gastas.
ou talvez simplesmente não tenha muito jeito para isto - ver gente que nem existe e perceber como é que todo o conceito de amor se desenvolveu nas suas vidas. eu, cá para mim, ficava-me para sempre nesta bela madrugada de verão, para poder passear por aí à vontade sem nenhuma preocupação, e para deixar o quente do ar entrar-me nos pulmões.